A celebração do primeiro Dia do Trabalho no governo Bolsonaro, nesta quarta (1º), juntou no mesmo palanque PT, PSOL e o Solidariedade do deputado Paulinho da Força, um dos articuladores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Com a pauta de que as centrais sindicais precisam se unir contra a reforma da Previdência, o ato em São Paulo virou um desagravo contra o governo federal, com gritos e bandeiras de "fora Bolsonaro" no público.
Apesar do discurso de união, os políticos divergiram a respeito de como a oposição deve lidar em relação ao presidente.
Antes do evento, Paulinho da Força, que representa a Força Sindical, afirmou, inclusive, "acha boa" a possibilidade de queda do presidente pelos militares:
— Eu particularmente acho que ele não chega ao final do ano. Porque governo que não tem político, não tem projeto e todo dia fala ou faz uma besteira, acho que os próprios militares vão chegar à conclusão que não dá para aguentar um sujeito desses — disse o político do Solidariedade.
A possibilidade de pedir impeachment, no entanto, foi refutada pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT), candidato derrotado por Bolsonaro ao Planalto nas eleições de 2018.
— Isso aí (impeachment) a gente tem que ter muito cuidado, porque a Constituição estabelece que impeachment tem que ter crime de responsabilidade. Isso não pode ser palavra de ordem ao léu. Nós temos que ser estritamente fiéis à Constituição. Se a gente quer um estado democrático de direito, temos que ter a dignidade de fazer uma oposição ao governo que melhore as condições de vida da população — afirmou.
Ele diz que a aliança com antigos adversários acontece porque há no país "uma situação aguda de crise nacional" e é necessária a união de forças.
Outro presidenciável derrotado ano passado, Guilherme Boulos (PSOL) cobrou a presença do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado na eleição presidencial, no evento.
— Acho que o Ciro deveria estar aqui. Pena que ele não pode vir — disse.
O PDT foi representado pelo presidente da legenda, Carlos Lupi, para quem a união das legendas seria "a maldição dos pobres".
O próprio Paulinho da Força não discursou. Quando sua presença foi anunciada, houve vaias por parte de representantes CUT, entidade ligada ao PT.
A prefeitura de São Paulo foi copatrocinadora do ato, mas o prefeito Bruno Covas (PSDB) não compareceu.
Pela primeira vez na história, as principais centrais do país celebram a data em ato unificado. As entidades organizam uma greve programada para 14 de junho.
Segundo a organização, compareceram 200 mil pessoas no ato até o início da tarde, quando começavam os shows. Não houve estimativa da Polícia Militar.