A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, voltou a defender que processo que investiga suposto recebimento de caixa 2 pelo ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni seja analisado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS). O caso, que corre no âmbito da delação da JBS, estava com o Supremo Tribunal Federal (STF), mas o ministro Marco Aurélio Mello encaminhou o caso para a Justiça Eleitoral, seguindo o entendimento mais recente do STF.
Os delatores Joesley Batista, um dos donos da JBS, Ricardo Saud e Demilton Antônio de Castro, citaram repasses ilícitos ao chefe da Casa Civil por meio de doações não contabilizadas. Onyx teria recebido R$ 100 mil em 30 de agosto de 2012, e R$ 200 mil, em 12 de setembro de 2014.
A manifestação de Raquel pela manutenção do caso sob responsabilidade da Justiça Eleitoral gaúcha foi encaminhada ao STF nesta terça-feira (26). O trâmite é uma resposta ao agravo impetrado pela defesa do ministro. Entre as justificativas da procuradora-geral da República está a mudança jurisprudencial ocorrida no STF no ano passado, no qual a maioria dos ministros da Corte decidiu que o foro por prerrogativa de função — conhecido como foro privilegiado — de deputados federais e senadores é aplicado somente a crimes ocorridos durante o mandato e a ele relacionados. Raquel defende que os supostos ilícitos não estão ligados às funções exercidas atualmente pelo então deputado.
Em maio de 2017, Onyx admitiu ter recebido R$ 100 mil de caixa 2 da JBS para sua campanha em 2014. O parlamentar afirmou que sua atitude "foi um erro". Em novembro de 2018, o então futuro ministro negou, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, que tenha recebido um segundo repasse de R$ 100 mil da JBS, via caixa 2, durante as eleições de 2012, quando já era presidente do DEM-RS, destacando que não era candidato na ocasião.