A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, anunciou nesta segunda-feira (25) que pedirá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que autorize juízes federais de varas especializadas em corrupção e lavagem de dinheiro a atuar em matéria eleitoral.
A medida é uma resposta à decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), que definiu, no último dia 14, que crimes de corrupção e lavagem de dinheiro associados a caixa 2 devem ser julgados na Justiça Eleitoral, e não na Federal, como queria a Procuradoria-Geral da República (PGR).
O julgamento no plenário consolidou, por 6 votos a 5, o que a Segunda Turma do STF, responsável pelos casos da Lava-Jato, já vinha fazendo: processos envolvendo corrupção e caixa dois devem ser enviados para os tribunais eleitorais.
A PGR questionou esse entendimento. Para o órgão, a Justiça Eleitoral não é estruturada para julgar crimes complexos como os que vêm sendo descobertos pela Operação Lava-Jato e seus desdobramentos.
Segundo Dodge, a permissão para que juízes federais acumulem a função eleitoral não gera aumento de despesa nem a necessidade de ampliar a estrutura da Justiça Eleitoral.
A ideia é garantir que fatos investigados hoje nas varas especializadas da Justiça Federal continuem sob a responsabilidade dos mesmos juízes que estão à frente dos processos.
Para viabilizar a medida, de acordo com a PGR, será preciso que o TSE altere duas resoluções, de 2002 e 2014. Os detalhes da proposta de Dodge serão enviados à corte nos próximos dias.
Outra medida destacada pela procuradora-geral foi a criação recente de ofícios de atuação concentrada em polos, com o objetivo de aumentar o número de procuradores atuando na área eleitoral.
Sete Estados já instalaram esses ofícios, entre eles Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro.