Após encontro com a direção da General Motors (GM) em São Paulo nesta quarta-feira (30), o governador Eduardo Leite e o prefeito de Gravataí, Marco Alba, entendem que o futuro da empresa no Rio Grande do Sul está atrelado ao resultado das negociações com o governo de São Paulo. Alegando prejuízo nos últimos anos, a montadora pressiona trabalhadores, administrações e fornecedores em troca de benefícios para manter investimentos no Brasil. Leite e Alba se reuniram com o presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga.
Leite disse, em entrevista à Rádio Gaúcha, que a conversa foi "muito boa", mas que tanto o governo quanto a empresa não realizaram tratativas sobre concessões de incentivos no Estado:
– Não chegamos no ponto de negociação sobre o Estado fazer qualquer oferta neste momento, porque a reestruturação da empresa está ancorada nos investimentos que devem acontecer em São Paulo e nas tratativas com sindicatos.
Além da fábrica em Gravataí, na Região Metropolitana, a GM mantém duas unidades no Estado de São Paulo, em São Caetano do Sul e São José dos Campos.
A empresa tenta obter benefícios do governo paulista e negocia com sindicalistas para tentar reduzir os custos trabalhistas. Entidades que representam os trabalhadores demonstram rejeição a algumas propostas, como diminuição do piso salarial e terceirização de atividades, e fizeram protestos. Aos funcionários no Rio Grande do Sul, a montadora também apresentou mudanças que gostaria de colocar em prática, gerando preocupação. Leite avalia que a empresa tenha uma decisão sobre a atuação no Brasil até fevereiro.
Novo encontro daqui a 15 dias
O governador confia na continuidade das atividades da montadora em solo gaúcho e pretende se reunir com Zarlenga, no Estado, nos próximos 15 dias. Leite afirma que o governo “fará o que estiver ao alcance” para manter a empresa:
– Tenho a confiança de que a solução será dada, tanto no que envolve São Paulo quanto pela situação do próprio sindicato.
O prefeito de Gravataí disse que a situação é “preocupante” e também entende que cenário positivo para o Estado depende de acordos para a garantia das operações da empresa em São Paulo. Alba destacou que o município não tem mais incentivos a oferecer ao grupo:
– Gravataí já deu todos os benefícios tributários que possam ser dados, na plenitude, até 2027.
No RS, a GM fabrica os veículos Prisma e Onix. Leite disse que a eventual falta de acordo em São Paulo impactaria no Rio Grande do Sul, pois a empresa não conseguiria manter as operações com a mesma participação de mercado ofertando apenas dois produtos.