Enquanto a eleição para a Presidência da República se aproxima, o Brasil começa a sair de uma das piores crises de sua história. Após a recessão que fez o PIB encolher 7,1% em dois anos e criou mais de 14 milhões de desempregados, a economia tende a ser um dos pontos centrais dos debates até outubro.
Com as principais pré-candidaturas estabelecidas, ganha importância saber quem são e o que pensam os gurus econômicos dos postulantes ao Planalto.
Formada e com mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutorado pela New School for Social Research, Laura Carvalho é professora da Universidade de São Paulo e a principal referência para Guilherme Boulos (Psol) na economia.
Suas pesquisam se concentram nas áreas de macroeconomia e desenvolvimento econômico, principalmente na relação entre crescimento e distribuição da renda. Diz ser keynesiana, mas não se considera desenvolvimentista.
O que pensa
- À frente do grupo que vai construir as propostas para a economia no programa do PSOL, Laura Carvalho avalia que diminuir as desigualdades e distribuir renda são as bases de um crescimento sustentado. E esse será o norte das propostas do partido. Entende que a concentração das riquezas é entrave ao desenvolvimento e leva a própria elite a sofrer consequências em razão da divisão social.
-Entre as discordâncias com os desenvolvimentistas está a visão de que não é preciso, necessariamente, apoiar a indústria nacional como base para crescimento da economia. Para ela, a mão do Estado na condução do país deve ser usada ouvindo o que a sociedade deseja e dar apoio a essas escolhas.
-É contra incentivos direcionados a setores específicos da indústria, como ocorreu no período do PT no poder, com desonerações e dinheiro do BNDES. Iniciativas do gênero, entende ela, acabam se tornando apenas política de transferência de recursos. A redistribuição de renda geraria economia mais dinâmica, com reflexos positivos para os demais setores produtivos.
-Ajustes fiscais como os feitos pelo governo Temer fragilizaram o mercado de trabalho e não levaram à reação da economia.