O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, anunciou, nesta sexta-feira (9), em agenda no Rio de Janeiro, que o governo federal, com o apoio das Forças Armadas, fará um censo para conhecer as condições estruturais de todas as cadeias do país. O diagnóstico custará R$ 20 milhões, financiado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e ainda não tem prazo para começar. O primeiro Estado a ter as suas unidades inspecionadas será o Rio.
Jungmann se reuniu por mais de três horas, nesta sexta, com deputados federais que compõem uma comissão externa criada pela Câmara para monitorar as atividades da intervenção federal na segurança fluminense. Ele aproveitou a oportunidade para anunciar o censo.
— Nós vamos poder saber quais as condições do sistema prisional. Hoje, não sabemos — disse.
De acordo com relatório do Ministério da Justiça divulgado no fim do ano passado, o Brasil tem 726.712 presos em um sistema que comporta 368.049. O Infopen mostrou que o país tem 1.449 estabelecimentos penais, dos quais 51 ficam no Rio. A maior quantidade fica em Minas (193), em São Paulo (164) e no Ceará (148). O ministro disse não saber quanto tempo a elaboração do censo durará.
Jungmann informou ainda que o país passará a contar com um Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) para integrar representantes das polícias dos 27 Estados, além das polícias federais. A estrutura já estaria pronta, fica em Brasília e, segundo o ministro, precisa de R$ 1 milhão para manutenção.
Ele voltou a comentar a situação do Rio e disse que espera ver resultados mais robustos da intervenção em até quatro meses.
— A tragédia no Rio foi construída ao longo de décadas. Não seria em 20 dias que resolveríamos. Acredito que, em até quatro meses, começaremos a sentir resultados paulatinos — disse, na sede da Escola Superior de Guerra, na Urca, zona sul do Rio, onde o encontro ocorreu. — O crime organizado sabe que as mudanças vão acontecer.
No encontro com os deputados, o ministro ouviu sugestões e críticas à intervenção. O deputado Alessandro Molon (PSB) disse ter solicitado a apresentação de um planejamento das medidas que serão tomadas.
— Pedimos acesso a um planejamento, com informações sobre métodos e o orçamento — disse o parlamentar, na saída do encontro.
O ministro respondeu pouco depois que a intervenção "contará com dinheiro novo”.
— Virá dinheiro novo, dinheiro a mais. Não se sabe quanto. Para trazer verba para essa área tem de tirar de alguma, não tem mistério. Mas essa difícil tarefa não me cabe. Me cabe pedir o recurso — disse Jungmann.