O atraso no pagamento dos salários ao funcionalismo motivado pela crise financeira, segundo o governo estadual, causa paralisações em ao menos quatro categorias no Rio Grande do Sul. Sem receber os vencimentos em dia, parte dos servidores decidiu cruzar os braços até que sejam depositados os valores devidos.
O movimento inclui professores, agentes policiais, técnicos científicos e escriturários. Segundo a Federação Sindical dos Servidores Públicos no Estado (Fessergs), as greves devem se intensificar diante da iminente possibilidade de descumprimento do pagamento do 13º salário.
— A determinação das categorias é de resistir a essa política adotada em relação ao funcionalismo. O governo segue responsabilizando somente o serviço público pelo déficit, enquanto segue renunciando receitas e concedendo isenções fiscais — afirma Sérgio Arnoud, presidente da Fessergs.
A adesão mais expressiva encontra-se entre os professores. O Cpers-Sindicato afirma que três em cada quatro escolas estão sem aulas, enquanto a Secretaria da Educação calcula que a adesão é de 35% no magistério.
Na manhã de terça-feira (10), após os ânimos se acirrarem em razão da decisão do governo de cortar o ponto dos grevistas, revertida pela Justiça, a direção do Cpers reuniu-se com o chefe da Casa Civil, Fábio Branco. O encontro terminou sem acordo.
O sindicato entregou ao Piratini um levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) que apontaria recursos disponíveis para complementar o pagamento da folha. Branco prometeu encaminhar os dados para análise da Secretaria da Fazenda.
— Entendemos a situação, mas pedimos sensibilidade. É a pior crise financeira da história do Estado e ninguém está propondo parcelamento por desejo — defendeu o secretário.
De acordo com a presidente do Cpers, Helenir Schürer, a paralisação segue por tempo indeterminado. Em geral, os servidores em greve pretendem definir os rumos dos movimentos após o governo concluir o pagamento dos salários, prometido para o dia 17.
SERVIDORES EM GREVE
Professores
Dia de início da greve: 5 de setembro
Serviços afetados: segundo o Cpers-Sindicato, o movimento vem ganhando adesão e 75% das escolas estaduais estão sem aulas. A Secretaria da Educação afirma que são 35%.
Próximos passos: a paralisação segue por tempo indeterminado, sem previsão de nova assembleia
Policiais civis
Data de início da greve: deliberada em 5 de outubro, começou na última segunda-feira (9)
Serviços afetados: estão sendo atendidos somente casos gravíssimos, como crimes contra a vida e que tenham como vítimas crianças, idosos e mulheres, conforme o Ugeirm Sindicato. Demais ocorrências deve ser registradas pelo sistema online. A greve também compromete o andamento de investigações e operações, nas quais estão sendo mantidos 30% dos efetivos, diz o movimento. A Polícia Civil não possui um levantamento oficial sobre a adesão à greve.
Próximo passos: às 11h desta quarta-feira (11), os agentes encontram-se para discutir os rumos do movimento em frente ao Palácio da Polícia, na Capital. Os serviços só devem ser normalizados a partir do dia 17, quando o governo prometeu concluir o pagamento dos salários.
Escriturários
Data de início da greve: deliberada em 29 de setembro, começou no dia 2 de outubro
Serviços afetados: como os antigos servidores da Caixa Econômica do Estado atuam em diferentes secretarias, a dimensão da greve é imprecisa. De acordo com o Sindicaixa, a maioria dos servidores está lotada nas pastas da Saúde, da Agricultura e do Meio Ambiente, exercendo tarefas administrativas. Dentre as atividades afetadas, segundo o sindicato, estão a emissão de guias para o transporte de animais, a concessão de licenças ambientas e a vigilância de parques.
Técnicos científicos
Data de início: decidida em 6 de outubro, começa nesta quarta-feira (11)
Serviços afetados: os técnicos científicos também estão lotados em mais de uma secretaria, por isso, diferentes serviços podem ser atingidos pelo movimento. O maior impacto deve ocorre na Agricultura, segundo o Sintergs, em razão da suspensão da inspeção sanitária de produtos de origem animal, o que impede a realização de abates. Na Saúde, o sindicato informa que será mantido o atendimento à população, com a distribuição de medicamentos na Farmácia do Estado e e nas coordenadorias regionais.
Próximos passos: os servidores promovem um ato em frente ao Centro Administrativo, na Capital, na manhã desta quarta-feira (11). Na próxima semana, quando o pagamento dos vencimentos deve ser concluído, haverá uma assembleia para deliberar sobre o andamento do movimento.