Substituído na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara por ser considerado um voto imprevisível nas contas do Planalto, o deputado José Fogaça (PMDB) surpreendeu ao votar a favor de Michel Temer na sessão em que os deputados decidiram pelo arquivamento da denúncia contra o presidente.
Nesta quinta-feira (3), em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, o deputado justificou seu voto. Disse que se debruçou sobre uma série de documentos: a própria denúncia, apresentada pela Procuradoria-Geral da República, a defesa de Temer e os dois relatórios produzidos na CCJ, dos deputados Sérgio Zveiter (PMDB) e Paulo Abi-Ackel (PSDB).
Em todo o material, afirma o deputado, "não há provas" que indiquem o cometimento de crime por parte do presidente.
– Não há nenhuma gravação, nenhuma palavra, nenhuma filmagem, nenhuma confirmação de que o presidente tenha participado ou que tenha praticado atos delituosos, ou que tenha recebido dinheiro, ou que tenha ele falado com empresário para fazer um contrato espúrio com a Petrobras para que ele recebesse uma vantagem indevida – disse.
Para o deputado, o material produzido pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não traz “nada que não seja dedução, ilação, indício, ou suspeita”.
– Nesse estudo que eu fiz da parte investigada, cheguei à conclusão de que não havia elementos cabais, contundentes, definitivos, para tirar um presidente da República – argumentou.
Fogaça, que votou a favor do afastamento de Dilma Rousseff, sustenta que, no caso de Temer, o processo é diferente. Segundo ele, a votação pelo plenário da Câmara dos Deputados a respeito do prosseguimento de uma denúncia não deve ter "caráter político”, mas sim "jurídico”:
– É um crime comum que está sendo julgado. No crime comum, tem que se lidar com a prova nos autos. No impeachment, o deputado age como político. No crime comum, tem que agir como um juiz, como um magistrado – argumentou.