Após protocolar a defesa do presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o advogado Antônio Claudio Mariz de Oliveira disse, em entrevista coletiva, que a acusação não se funda em prova ou indício contra o peemedebista. O defensor se mostrou favorável à presença do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na CCJ e à oitiva das testemunhas, como quer a oposição.
– Seria absolutamente conveniente para que eu tivesse a oportunidade de demonstrar a ausência de provas e interrogá-los. Eles foram ouvidos sem a presença da defesa. Agora, se não é do regimento, isto é uma questão que deverá ser decidida pelo presidente da comissão, e acho que ele deverá indeferir. Se me perguntarem se eu quero, eu quero sim. Eu sou homem do contraditório. Eu quero estar vis-à-vis com quem acusa o presidente – disse.
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Mariz reclamou que a defesa de Temer não foi chamada na oitiva das testemunhas na Polícia Federal e depoimentos favoráveis ao presidente não foram mencionados na denúncia.
– Fizeram uma prova unilateral, e digo mais, uma prova seletiva – emendou.
Mariz refutou a tese de que o governo está na "UTI", ou seja, estaria politicamente em estado grave.
– Absolutamente, não sou médico, não conheço bem as divisões no hospital. Eu diria que está na lanchonete do hospital, está comemorando, trabalhando pelo país – respondeu.
Mariz ressaltou que o foco da defesa é a negativa do cometimento de crime ou qualquer ilícito penal por parte do peemedebista.
– Eu lanço um desafio, um respeitoso desafio, aos acusadores para que demonstrem, através de um único indício, mais frágil que seja, que o presidente da República teria solicitado, recebido algo ou favorecido alguém – declarou.
Sobre a eventual ida de Temer à comissão, Mariz disse que a decisão será dele. À reportagem, em sua chegada, Mariz afirmou que não via sentido na presença de Temer na Casa.
Afirmando ter respeito pelo procurador-geral da República, Mariz disse que a denúncia é "peça de ficção", baseada em "criações mentais fruto da inteligência do procurador-geral, que fugiu da realidade". Na avaliação de Mariz, mesmo que Janot quisesse buscar, não encontraria nada acusatório contra Temer.
– O presidente não prevaricou. O presidente encontrou Joesley Batista, como encontrou inúmeras pessoas, e é bom que se diga, fora da agenda, noturnamente, vários políticos, advogados, homens públicos, vários representantes de instituições de Estado. Não houve nada anômalo por parte do presidente – destacou o advogado, reforçando a tese da normalidade do encontro.
O advogado considera a gravação de Joesley "tecnicamente duvidosa" e prova ilícita.
– A gravação não é um elemento incriminatório – reforçou.
Ao mencionar a entrega de um vídeo e do documento da defesa escrita aos parlamentares, Mariz disse considerá-los "juízes" neste processo e não políticos. Por isso, produziu o vídeo de dois minutos com uma linguagem acessível aos deputados. Ele afirmou que o documento, de 98 páginas, é uma defesa séria e preocupada com os fatos.