O PSB, apesar de fazer parte da base aliada do governo de Michel Temer, não aprovará a reforma da Previdência da forma como foi apresentada pelo Executivo. Segundo o secretário-geral do partido e presidente da Fundação João Mangabeira, Renato Casagrande, o projeto tem pontos positivos e negativos, mas os parlamentares socialistas não aceitam por exemplo a desvinculação das pensões com o salário mínimo.
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– Por que o governo não fez nenhuma proposta para acabar com as renúncias nas contribuições para a Previdência? – questiona Casagrande.
Ele adianta, porém, que o PSB deve apoiar a questão da idade mínima, que o governo vem defendendo como um dos pilares essenciais da reforma.
Com 34 deputados e 7 senadores, o PSB vive um estremecimento na sua relação com o governo desde o fim do ano passado, quando o diretório gaúcho aprovou uma moção para que o partido saísse da base de apoio de Temer. Os socialistas têm um ministro na Esplanada, Fernando Bezerra Filho, que chefia a pasta de Minas e Energia. Na ocasião, ele reconheceu que existem divergências dentro do PSB, mas defendeu que o Brasil vive um momento difícil e que a legenda precisa prestar apoio à administração Temer.
Casagrande faz algumas críticas à condução da política econômica pelo governo, mas diz que as coisas estão melhorando, sobretudo depois que o Banco Central acelerou o ritmo de afrouxamento monetário. "Ainda assim, precisamos retomar investimentos. O governo ainda não conseguiu acertar na parceria com a iniciativa privada. Precisamos acelerar as concessões e gerar emprego", defende.
Espírito Santo
Casagrande afirma que promoveu uma política fiscal prudente quando foi governador do Espírito Santo, entre 2011 e 2014, e acusa seu sucessor e rival político, Paulo Hartung (PMDB), de tentar diminuí-lo. O atual governador disse esta semana, durante evento promovido pelo Credit Suisse em São Paulo, que recebeu o Estado com um déficit de R$ 1,4 bilhão em 2014 e conseguiu reverter isso para um superávit de R$ 176 milhões em 2015.
– Hartung conta uma meia-verdade. De fato houve um déficit em 2014, mas porque fizemos muitos investimentos, e ainda deixamos R$ 1,85 bilhão em caixa naquele ano – diz Casagrande.
Ele afirma ainda que é normal ter déficit de vez em quando, desde que no geral as contas do Estado estejam organizadas, e apontou que Hartung também registrou uma rombo primário em 2010, quando terminava seu segundo mandato.
O ex-governador reconhece que a folha de pagamento cresceu bastante na sua administração, mas argumenta que era preciso contratar policiais e outros servidores e que, mesmo assim, continuou cumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Ele ainda critica o ajuste fiscal de Hartung, argumentando que é baseado basicamente em uma forte redução de investimentos e no congelamento do reajuste dos servidores.
– É preciso adotar medidas estruturantes que permitam aumentar a arrecadação e reduzir despesas no curto e no longo prazo – defendeu.
Casagrande disse que ainda não decidiu se vai concorrer novamente ao governo capixaba em 2018, mas também não descartou totalmente essa hipótese.
– Estamos discutindo na direção nacional, ainda não entrei de cabeça nesse debate. Isso depende de um conjunto de fatores, dos aliados, da decisão partidária – afirmou.
*Estadão Conteúdo