A avaliação negativa do governo do presidente Michel Temer (PMDB) aumentou para 46% em dezembro, mostra pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada nesta sexta-feira. No levantamento anterior, realizado em setembro e divulgado em outubro deste ano, o percentual dos que avaliavam o governo como ruim ou péssimo era de 39%.
A avaliação positiva do governo Temer, por sua vez, oscilou de 14% para 13% entre setembro e dezembro. A avaliação regular do governo do peemedebista também oscilou levemente para 35% em dezembro, ante 34% na última pesquisa. Os que não souberam ou não responderam sobre a avaliação do governo representaram 6% dos entrevistados em dezembro, ante 12% em setembro.
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A aprovação pessoal do presidente também piorou. Em dezembro, 64% dos entrevistados disseram desaprovar a maneira de Temer governar. Em setembro, esse percentual era de 55%. Já os brasileiros que aprovam o jeito do presidente de administrar o país oscilaram de 28% para 26% de setembro para dezembro. Outros 10% não sabem ou não responderam essa questão em dezembro, ante 17% em setembro.
A confiança da população no presidente também diminuiu. Em dezembro, 23% dos entrevistados disseram confiar em Temer, queda de três pontos percentuais em relação ao levantamento de setembro (26%). Ao mesmo tempo, o percentual dos que não confiam no presidente aumentou de 68% para 72% entre as duas pesquisas. Os que não sabem ou não responderam essa questão foram 5% em dezembro, ante 6% em setembro.
Temer x Dilma
A pesquisa traz ainda a comparação da administração Temer com o governo da presidente cassada Dilma Rousseff (PT). Em dezembro, o percentual dos que avaliaram que o governo Temer é melhor do que o da petista diminuiu para 21%, ante 24% em setembro. Ao mesmo tempo, os que consideram que o governo Temer é pior do que o da petista aumentaram de 31% para 34% entre as duas pesquisas. Para 42% os dois governos são iguais, ante 38% na pesquisa anterior. Outros 3% não sabem ou não responderam em dezembro, ante 7% em setembro.
A perspectiva para o restante do governo Temer também piorou, segundo a pesquisa. Aqueles que acreditam que a perspectiva é ruim ou péssima aumentaram de 38% para 43% entre setembro e dezembro, enquanto os que preveem que o governo será ótimo ou bom diminuíram de 24% para 18%. Os que preveem que o governo Temer será regular oscilaram de 30% para 32% dos entrevistados. Outros 7% não souberam ou não responderam em dezembro, ante 8% na pesquisa anterior.
A pesquisa Ibope/CNI foi realizada de 1º a 4 de dezembro, antes do vazamento da delação premiada do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Claudio Melo, na qual ele citou Temer e ministros do governo. O levantamento ouviu 2.002 pessoas em 141 municípios. A margem de erro é de 2 pontos e o nível de confiança, 95%.
Renda
A popularidade do presidente Michel Temer caiu mais entre os brasileiros com renda elevada e com educação superior entre setembro e dezembro, conforme a pesquisa.
No resultado geral, a avaliação ruim ou péssima do governo aumentou sete pontos percentuais, de 39% em setembro para 46% em dezembro. Entre os entrevistados com renda familiar superior a cinco salários mínimos (maior faixa da pesquisa), esse aumento foi maior: 16 pontos percentuais (33% para 49%).
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Segundo a CNI, esse aumento deve-se tanto à redução dos indecisos entre essa faixa salarial, como à redução dos que avaliam o governo como regular e ótimo ou bom. Em setembro, esse grupo apresentava a melhor avaliação do governo, com maior percentual de ótimo ou bom (20%) e o menor de ruim ou péssimo (33%).
A pesquisa mostra ainda que a insatisfação de Temer aumentou entre os entrevistados com educação superior. Entre setembro e dezembro, o percentual de entrevistados com esse grau de instrução diminuiu cinco pontos percentuais (de 18% para 13%). No resultado geral, que engloba todos os graus de instrução, esse percentual oscilou de 14% para 13%.
O levantamento mostra ainda que, apesar de também apresentar crescimento na insatisfação, os residentes da região Sul continuam sendo os que melhor avaliam o governo Temer, enquanto os do Nordeste têm a pior avaliação. Para 20% dos moradores do Sul, o governo é bom ou ótimo, enquanto no Nordeste esse percentual é de 9%.
Temer diz não estar preocupado com os indíces de popularidade
O presidente da República, Michel Temer, afirmou que não está preocupado com as avaliações iniciais de seu governo. A declaração foi dada durante almoço de confraternização com oficiais da Aeronáutica, Exército e Marinha.
– O caminho certo que estamos trilhando nem sempre é o mais popular em determinado momento, mas nossa responsabilidade não é buscar aplausos imediatos, aprovação a qualquer preço. Nosso compromisso é desatar os nós que têm comprometido nosso crescimento econômico – declarou o presidente, alegando estar "agindo com disciplina e seguindo regras já testadas e consagradas".
Temer argumentou que poderia e teria sido mais confortável não apresentar propostas que dividem as opiniões durante os menos de dois anos que tem pela frente até deixar o cargo, mas os tempos, segundo o presidente, "exigem coragem".
– Seria muito confortável para esse governante não se preocupar com o teto dos gastos públicos, com a reforma da Previdência. Poderia ficar comodamente instalado nas "mordomias" da Presidência e nada patrocinar nesses dois anos. Não haveria embates, contrariedades e seguiria tranquilo. Mas os tempos exigem coragem para não ceder a soluções fáceis e ilusórias. Não há mais espaços para feitiçarias. Imprimir dinheiro, maquiar contas, controlar preços. Estamos tratando de resolver nossos problemas de frente e se não o fizermos agora, o Estado quebra", frisou Temer, defendendo a necessidade de medidas como a Reforma da Previdência e a PEC do Teto dos Gastos para tirar o país do "atoleiro da irresponsabilidade fiscal".
Perante um auditório lotado de militares e parentes destes, Temer destacou a urgência do país superar as divisões internas e a atual crise econômica. E defendeu o fato de as carreiras militares terem ficado de fora do projeto de reforma da Previdência, que tramita na Câmara dos Deputados.
– Com muito acerto, mandamos o projeto para o Congresso excluindo os militares. Estamos constitucional e juridicamente corretos – acrescentou o presidente.
*Estadão Conteúdo e Agência Brasil