O juiz federal Sérgio Moro esteve em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, para uma palestra sobre combate à corrupção na noite de quarta-feira (21) e foi recebido como uma estrela, com muitos aplausos e elogios. Todos os cerca de dois mil ingressos do Teatro Feevale foram vendidos. O magistrado veio ao Estado a convite do Grupo Sinos. Foi aplaudido de pé ao ser anunciado pelo mestre de cerimônias.
O titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelas ações da Operação Lava Jato em 1ª instância, chegou com cerca de cinco horas de antecedência ao local da palestra e ficou no camarim. Policiais federais, militares e civis, além de seguranças privados, fizeram a segurança do evento.
O juiz palestrou por cerca de duas horas. Logo depois, pediu para passar um vídeo, que tinha depoimento de artistas defendendo o projeto liderado pelo Ministério Público Federal das 10 medidas de combate à corrupção. Começou narrando o início da Operação Lava Jato, que investigava doleiros do Paraná. Depois, sem dar nomes, mas se referindo a Paulo Roberto Costa, ex=diretor da Petrobras, disse que começou a chegar nos políticos e empresários.
"De fato parte desses valores iam para políticos e partidos políticos", disse Moro sobre a propina que era cobrada em contratos com a Petrobras.
Sobre os empresários corruptores, Moro disse que empreiteiros nem sabiam o porquê pagavam propina, já que nem recebiam tanto retorno assim.
"Eles sabiam apenas que era a regra do jogo".
O magistrado também defendeu mudanças na legislação para aumentar a punição para o crime de corrupção. Destacou que as prisões cautelares são exceções, mas necessárias para o processo. Moro também falou sobre a importância da decisão recente do Supremo Tribunal Federal de permitir o cumprimento da pena de prisão após confirmação da condenação em 2ª instância. Perguntado como estava a sua rotina depois que começou a Operação Lava Jato Lava Jato, disse que "todo o dia é uma agonia".
Sérgio Moro lembrou que a Operação Lava Jato é muito semelhante à Operação Mãos Limpas, na Itália, que também era de combate à corrupção. Disse, no entanto, que espera que os condenados cumpram efetivamente suas penas, diferentemente do que ocorreu no país europeu, onde os políticos modificaram legislações e atenuaram condenações.
Uma pergunta provocou muita risada do público, mas não de Moro. "Quando o ex-presidente Lula será preso?", leu o mestre de cerimônias.
Depois de esperar as risadas e aplausos, respondeu: "eu prefiro não me pronunciar sobre casos pendente", disse o juiz.
Ao final, assim como no início, foi aplaudido de pé.