Para manifestar repúdio a propostas de reforma na legislação previdenciária e alertar a população sobre o impacto na vida do trabalhador, oito centrais sindicais promoveram atos que impactaram no transporte público e no trânsito de Porto Alegre na manhã desta quinta-feira.
Ainda na madrugada, um protesto começou com o bloqueio da garagem de seis empresas de transporte público. Com isso, moradores que precisaram das linhas de ônibus atendias por Gasômetro, Nortran, Sopal, Sudeste, Trevo e VTC tiveram de esperar bastante.
– Estou aqui há mais de uma hora, acho que duas. Estou atrasado para o trabalho. Atrapalha o direito de ir e vir – reclamou Marcio Brasil, servidor terceirizado da prefeitura, 68 anos, enquanto aguardava em uma das paradas lotadas da Avenida Bento Gonçalves no começo da manhã.
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Na Carris, um grupo de manifestantes chegou a impedir a saída dos coletivos por volta das 4h. A Brigada Militar interveio, com uso de spray de pimenta e bombas de efeitos moral, e os portões da empresa foram liberados. Segundo a EPTC, cerca de 80% das linhas foram afetados pela falta de ônibus. Ainda assim, não foi feito remanejo nas frotas.
As garagens começaram a ser liberadas após as 7h. Nem por isso os problemas cessaram. Os ônibus ficaram lotados. Usuários sentados nos painéis dos veículos e gente se espremendo para entrar foram cenas comuns.
Uma aposentada aguardava há quase duas horas que um coletivo da linha 376-Herdeiros passasse pela Avenida Bento Gonçalves. A garagem da Gasômetro estava bloqueada por moradores da Zona Leste, que se queixam de problemas de segurança na região do Beco dos Cafunchos. Cansada de esperar, às 7h15min, a idosa subiu com dificuldade num ônibus da T11A, únicos que passavam àquela altura pela via.
– Protestam para nos ajudar, mas acabam nos atrapalhando – bradou ela, já entrando no veículo.
À medida em que deixavam as empresas, diferentes grupos de manifestantes, de lugares diversos, passaram a caminhar rumo ao Centro. No trajeto, avenidas como Bento Gonçalves, João Pessoa, Ipiranga e a entrada da Capital pela freeway ficaram congestionadas.
Com ajuda de autofalantes e carros de sons, os manifestantes espalharam seus ideias e críticas ao governo Temer.
– Sessenta horas semanais são quase como abolir a Lei Áurea – ironizou um dos organizadores do protesto ao microfone.
Presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo avalia que o protesto atingiu seu objetivo, pois chamou a atenção para o debate que o tema das reformas trabalhistas merecem.
– Esse ataque à CLT, à Previdência e projetos sociais é muito grave. Trabalhar dos 14 aos 65 anos é grave. Reunimos 2 mil manifestantes, mas atingimos de 20 a 30 mil nas ruas. Esperamos ter conscientizado muita gente – disse Nespolo.
Consciente de que causaram impactos no trânsito e no transporte público, o sindicalista destacou:
– Causamos transtornos, sim, mas o que são esses transtornos para quem vai perder o futuro? – apontou.
Depois de todos os grupos se encontrarem em frente à Superintendência Regional do Trabalho e do Emprego, na Avenida Mauá, os manifestantes seguiram até o Palácio Piratini, em sinal de "apoio e solidariedade" aos servidores estaduais. Por volta do meio-dia, depois de oito horas de manifestações, o ato foi encerrado.
Segundo Guiomar Vidor, presidente da CTB, a intenção é impedir que o governo federal leve adiante mudanças que afetem os trabalhadores. Caso siga, as centrais sindicais planejam uma greve geral, sem data para começar.