Depois de iniciar seu discurso fazendo uma brincadeira com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, na cerimônia de abertura da Expointer, em Esteio, o governador José Ivo Sartori mudou o tom e falou sobre a crise na segurança no Rio Grande do Sul. No fim da manhã deste sábado, ele disse que o governo se solidariza às vítimas da violência, em especial à família de Cristine Fagundes, morta diante da filha em Porto Alegre, e que o Estado está de "luto".
Diante do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o governador fez um agradecimento ao presidente Michel Temer, que o recebeu pessoalmente, na última sexta-feira, em Brasília. A pedido de Sartori, Temer autorizou o envio de pelo menos 150 agentes da Força Nacional de Segurança ao Estado. Os primeiros 120 devem chegar neste domingo a Porto Alegre.
– Tenho certeza de que essa participação vai valorizar ainda mais as atitudes de segurança – disse.
Leia mais:
Colégio Dom Bosco realiza protesto após morte de mãe de aluno
Força Nacional começa a atuar na próxima terça na Capital
Por que o secretário Jacini caiu
Em seguida, Sartori argumentou que "a segurança não é problema de um homem, de uma pessoa, de uma personalidade", em referência às críticas que vem recebendo pela demora na reação ao avanço da criminalidade.
– Posso dizer de coração que nós não criamos a violência que existe hoje no Rio Grande do Sul. Tenho certeza de que vamos trabalhar juntos para acabar com ela, custe o que custar – desabafou.
O governador foi aplaudido durante todo o discurso, assim como os ministros do governo interino de Michel Temer, Blairo Maggi e Eliseu Padilha (Casa Civil). Por um motivo evidente: dessa vez, a cerimônia foi realizada em área fechada, no restaurante internacional, ao contrário das edições passadas. Em 2015, ao discursar em área externa, Sartori chegou a ser vaiado por manifestantes e ficou bastante irritado. Nada disso se repetiu. O clima dentro do restaurante era de apoio ao governo estadual e ao governo interino – um dos mais festejados foi o ministro Maggi, que se definiu como um "gaúcho falsificado".
Ao final da cerimônia, Sartori e as demais autoridades concederam entrevista coletiva. Ao ser questionado sobre o tempo que levou para pedir socorro ao governo federal, Sartori levantou a voz. Disse que o governo não demorou "absolutamente nada" para pedir apoio à Força Nacional:
– Em função da realidade que estava aí, entendemos que a hora de pedir apoio era agora.
Responsável por comandar o gabinete de crise instaurado desde sexta-feira, o vice-governador José Paulo Cairoli reconheceu que a ajuda da Força Nacional não é suficiente para superar crise e prometeu devolver a “sensação de segurança à população”. Admitiu que esse é, de longe, o principal problema do Estado.