A Expointer 2014 teve um dia de intensa movimentação política nesta sexta-feira (5). Os candidatos à Presidência da República Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) estiveram no Parque de Exposições Assis Brasil simultaneamente por cerca de uma hora, mas não se cruzaram em nenhum momento. Dilma dividiu-se entre a agenda oficial e o contato com eleitores. Já Aécio dedicou-se integralmente ao corpo a corpo e aproveitou para subir o tom das críticas à Marina Silva (PSB), que aparece na frente dele em todas as pesquisas eleitorais.
A petista, que provocou atraso de uma hora na cerimônia de abertura, foi recebida com um misto de vaias e aplausos em Esteio. Servidores da Justiça Federal protestaram próximo ao palanque cobrando negociação para reajustes salariais. O som da manifestação intercalou-se com os gritos de guerra da militância favorável a candidata à reeleição.
No discurso de abertura oficial da Expointer, Dilma elencou as medidas adotadas pelo governo nos últimos quatro anos voltadas ao agronegócio. O apanhado destacou a concessão de crédito subsidiado para custeio da produção agrícola, as linhas de financiamento para aquisição de máquinas e a busca de novos mercados para o setor agropecuário.
Sem citar diretamente a adversária na corrida presidencial, Marina Silva, alfinetou quem é contra o agronegócio. "Essas pessoas desconhecem o papel da agropecuária, um setor que gera riqueza e tem papel fundamental em nossa economia", frisou. Ela ainda salientou a segurança jurídica proporcionada aos produtores rurais a partir da aprovação do Código Florestal proposto no projeto de lei enviado pelo Executivo ao Congresso e as medidas adotadas para garantir desenvolvimento do setor primário aliado à preservação ambiental. Após a cerimônia, a candidata circulou por pavilhões e tirou fotos com eleitores.
Dilma veio ao Rio Grande do Sul em agenda mista, o que segundo a assessoria, justificou o credenciamento de jornalistas pela campanha. O documento distribuído trazia a logomarca e o número da candidata, o que causou desconforto. Segundo assessores, sempre que ocorre agenda dividida entre assuntos da presidência e campanha, é adotado tal procedimento. Ainda de acordo com assessores, os custos da viagem são ressarcidos posteriormente aos cofres públicos.
Aécio sobe tom contra Marina
Já o candidato Aécio Neves chegou a Esteio por volta das 13h, após realizar campanha em São Leopoldo. Durante a entrevista coletiva, subiu o tom nas críticas à candidata Marina Silva, que ultrapassou ele nas pesquisas eleitorais. Embora tenha afirmado que respeita a adversária, criticou as mudanças de posição da ambientalista. "Não sou o tipo de pessoa que tem uma postura na sexta-feira, recebe uma pressão no sábado e muda na segunda", disse ele em alusão à mudança no programa de governo de Marina na área relacionada ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O tucano também lembrou que Marina, enquanto senadora, tentou barrar o plantio de transgênicos no Brasil e questionou o atual posicionamento da candidata, mais próximo ao agronegócio. "Não mudo meu posicionamento ao sabor do vento ou das circunstâncias. Existe o PT 1 que fracassou com Dilma e agora tem gente tentando voltar com o PT 2", criticou.
Aécio ainda destacou que pretende proceder a criação de áreas indígenas onde já houver estudos apontando para a demarcação e garantiu que os produtores rurais que eventualmente precisarem ser removidos, serão indenizados adequadamente. "Onde houver conflito iminente, defendo a desapropriação e a indenização. Não vamos permitir que essa questão continue sendo tratada de forma ideológica como vem acontecendo. O governo federal tem sido omisso e isso tem levado aos conflitos", criticou.
O tucano ainda pregou a redução do número de ministérios, sem citar quais são considerados por ele, desnecessários. Aécio afirmou que 23 pastas são suficientes e prometeu criar um ministério de Infraestrutura, onde aproveitou para criticar a lentidão do governo para planejar a realizar obras. "O PT perdeu muito tempo 'demonizando' as parcerias público-privadas", disse ele. Após a entrevista coletiva, o candidato também circulou por pavilhões e reuniu-se com representantes da Farsul.