O deputado federal cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ), delator do mensalão, disse nesta quarta-feira que pensa em pedir ajuda aos principais líderes petebistas, como o senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (AL), para pagar a multa de R$ 724 mil aplicada pelo Supremo Tribunal Federal no processo do mensalão. Jefferson afirmou que a primeira providência será vender o escritório que tem no centro do Rio. O ex-deputado acredita conseguir entre R$ 450 mil e R$ 500 mil com o imóvel. Para chegar ao valor total, poderá pedir ao presidente nacional do PTB, Benito Gama, que arrecade contribuições.
- Ligo para o Collor, para o Gim (senador Gim Argello), para o Jovair (deputado Jovair Arantes). Peço ao Benito para arrecadar. O Collor não vai se negar, tenho certeza. Meus companheiros não vão me faltar. Mas, primeiro, vou tentar liquidar (a multa) da minha parte, talvez pedir um parcelamento _ afirmou Jefferson, por telefone, à reportagem.
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Jefferson, condenado a sete anos e 14 dias em regime semiaberto, não cogita fazer uma lista de arrecadação na internet, como os petistas José Genoino e Delúbio Soares.
- Não vou fazer lista em site. Não sei e não quero fazer. O PT tem facilidade em arrecadar, todos que têm mandato contribuem mensalmente com o partido. No PTB, os deputados não dão um centavo ao partido - afirmou.
O ex-deputado disse estar confiante de que o Supremo Tribunal Federal (STF) aceite pedido de prisão domiciliar que encaminhou no ano passado e acredita que a decisão será tomada no máximo até a semana que vem, já que o último condenado ainda em liberdade, João Paulo Cunha, foi preso na terça-feira. Jefferson reiterou que, por causa de uma cirurgia para retirada de um câncer no pâncreas a que se submeteu em 2012, tem que cumprir uma rigorosa dieta que seria impossível seguir na cadeia.
Jefferson disse que aceitaria "sem problema" a determinação de usar uma tornozeleira eletrônica, como sugeriu o secretário de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (SEAP), Cesar Rubens Monteiro de Carvalho, em resposta a consulta do STF. O secretário disse que o sistema prisional não tem condição de atender as recomendações médicas feitas a Roberto Jefferson, como a dieta controlada.
- Ridicularizaram minha dieta, mas é o que tenho que seguir diariamente. Não tenho condição de ficar em um presídio com o que eu como: arroz, pão, massa integrais, queijo magro, proteína, salmão, geleia real. Não é culpa minha, sou um mutilado do aparelho digestivo. Não tenho como comer aquela carne, aquela galinha cheia de óleo. Se isso acontecer, não vou sair do banheiro - afirmou Jefferson por telefone.
Jefferson defendeu que o petista José Genoino também cumpra a pena em prisão domiciliar, por causa dos problemas de coração. Sobre o ex-ministro José Dirceu, que cumpre pena na Penitenciária da Papuda, em Brasília, Jefferson disse que o petista não tem que "sofrer mais que os outros". Dirceu pediu à Justiça autorização para trabalhar em um escritório de advocacia e pretende solicitar também permissão para dormir em casa em alguns fins de semana.
- Quem tem direito deve pedir. Ele deve ser tratado como todos os outros, não sou a favor de que ele seja exemplo da austeridade da Justiça. Que se respeite o direito dele. Não quero mal a ninguém, sou condenado como os outros - afirmou.
Roberto Jefferson tem ficado a maior parte do tempo na casa da família no município de Comendador Levy Gasparian.