No último trimestre de 2013 os pedidos de voos de autoridades para a Força Aérea Brasileira (FAB) até que não mudaram muito, mas o destino das viagens mudou bastante. Inaugurações, visitas e repasses de recursos passaram a se concentrar mais em locais estratégicos, leiam-se, os redutos eleitorais dos ministros que pretendem concorrer ao governo de seus Estados. É o caso de Alexandre Padilha em São Paulo, Gleisi Hoffmann no Paraná, Fernando Pimentel em Minas Gerais e Aguinaldo Ribeiro na Paraíba. O aumento do número de viagens oficiais coincide com a proximidade da reforma ministerial, que deve substituir os quatro até março.
O levantamento foi feito em parceria com o repórter da Zero Hora, Guilherme Mazui, com base em registros da FAB, que são divulgados desde julho do ano passado, após escândalos envolvendo o uso indevido de aeronaves oficiais. Foram mais de 1,4 mil voos de autoridades no semestre. Por lei, é a FAB quem transporta estas pessoas tanto para as residências fora de Brasília como a serviço do governo federal ou emergência médica.
Entre os ministros que devem concorrer a governador, quem mais solicitou a carona oficial foi Alexandre Padilha, da Saúde. Ele foi a São Paulo entre outubro e dezembro quase cinco vezes mais do que no trimestre anterior. Fernando Pimentel, do desenvolvimento, usou cerca de um terço das viagens pela FAB nos últimos três meses para ir a Minas Gerais, contra apenas quatro idas no período anterior. O titular das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, dobrou as idas para a Paraíba de quatro para oito. Quem dobrou também as viagens de FAB foi a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, natural do Paraná.
Procurados para comentar as viagens, Padilha e Pimentel não responderam. A assessoria de imprensa de Gleisi Hoffmann explicou que ela mantém residência em Curitiba, trajeto permito pela legislação. Quando viajou a trabalho ao Estado, a ministra participou de eventos e solenidades como representante do governo, atos previstos em suas agendas. A assessoria de Aguinaldo Ribeiro detalhou que o ministro participou de inaugurações, encontros com empresários e entregas de máquinas, casas e caminhões-pipa.
Regra:
Podem solicitar voo oficial o vice-presidente, presidentes do Senado, Câmara e STF, ministros e comandantes das Forças Armadas. O presidente tem aeronave própria. A FAB mantém em sigilo os gastos com voos de autoridades.