Uma cafeteira automática é o maior patrimônio da Câmara de Vereadores de Barão, no Vale do Caí. Custou R$ 5,4 mil. Basta apertar um botão para a bebida quente cair no copo. A doçura depende do paladar.
Mas para muitos dos 5,7 mil habitantes, o gosto é amargo. E o cafezinho cheira a regalia dispensável no plenário.
O alvoroço se espalhou por e-mail na cidade. Um texto de autor desconhecido ironiza a aquisição. Define a moderna máquina como nova atração do Legislativo. E garante haver prioridades e carências mais urgentes do que saciar os parlamentares.
Nas ruas, a opinião se divide. A controvérsia também chegou às redes sociais. Há quase um mês, só se fala na cafeteira.
O Legislativo não se arrepende da compra. E ainda convida o público a experimentar. O presidente José Flach (PTB) revela que a aquisição foi consenso da Mesa Diretora. O motivo é simples: o custo-benefício seria maior do que contratar uma funcionária para preparar o café. O investimento se pagará até o fim do ano, argumenta.
Os vereadores garantem que o modelo escolhido nem é o mais moderno. É faixa intermediária, mas tem qualidade, observam. A compra saiu em uma tomada de preços que reuniu três orçamentos. Ganhou o mais barato. A fornecedora garantiu que a vida útil da máquina é de 20 anos. Ou cinco legislaturas.
A cafeteira fica na única sala da Câmara, cedida pela prefeitura. Divide espaço com cerca de 15 cadeiras para o público, mesas para os vereadores e tribuna. Ainda há nove notebooks comprados no ano passado, um para cada vereador. Alguns fizeram curso para aprender a usá-los. O investimento de R$ 15,3 mil também foi criticado.
Vereador de oposição aprova a máquina
O presidente da Câmara, José Flach (PTB), diz que o Legislativo só usa 3% do orçamento do município. Teria direito a 7%, mas não precisa tanto. Com os R$ 360 mil anuais, sobra dinheiro. No ano passado, a Câmara devolveu cerca de R$ 150 mil aos cofres públicos. E ainda destinou verbas para saúde, esporte e segurança.
- Nosso salário bruto é de R$ 1.150 e não temos incentivo para gasolina nem telefone. A crítica é pura dor de cotovelo - afirma Flach.
A opinião de Flach é compartilhada até pela oposição. O vice-presidente Claudir Antônio Ludwig (PP) é um dos defensores da máquina. Argumenta que os vereadores se sentem constrangidos em não poder oferecer um cafezinho aos visitantes. E pede que a população participe mais das sessões antes de criticar.
Muita gente seguiu o conselho. Nem que seja só para provar o café. A secretária e única funcionária da Câmara abastece a cafeteira, cuja manutenção custa pouco mais de R$ 100 por mês.
Cafezinho no Legislativo
Cafeteira da Câmara de Vereadores de Barão gera controvérsia na cidade
Aquisição da máquina, que custou R$ 5,4 mil, divide opiniões entre os habitantes do município
Leandro Becker
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