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Os principais candidatos à prefeitura de São Paulo se enfrentaram, nesta segunda-feira (30), em um novo debate, desta vez promovido por Folha de S.Paulo e UOL. Participaram Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB) — os quatro primeiros colocados na mais recente pesquisa do instituto Datafolha.
Foi o 10º debate entre os candidatos e o penúltimo antes do primeiro turno — que ocorre no próximo domingo (6).
O encontro foi marcado por trocas de ataques e acusações entre os adversários, principalmente entre Nunes, Boulos e Marçal. Não houve registro de tumultos nos embates entre eles.
Temas como voto feminino, religião e questões ideológicas marcaram a discussão — dando pouco espaço para propostas dos candidatos para a capital paulista.
Confira alguns momentos do debate:
Votos anulados
Tabata Amaral sugeriu que ter os votos anulados seria uma preocupação de quem cogita votar em Marçal nesta eleição. A candidata relembrou que os votos dados ao adversário para deputado federal no pleito de 2022 foram "anulados".
— (...) Você está novamente incorrendo no mesmo erro e corre risco de ter seus votos anulados. Acho que esse eleitor merece uma consideração — afirmou Tabata.
Apostas on-line
Questionada por sua abstenção numa sessão da Câmara dos Deputados, em dezembro de 2023 que liberou apostas esportivas e cassinos online, Tabata afirmou que é necessário lei dura e firme para regulamentar as apostas
— Apesar de não ter esse voto específico registrado, a minha posição é conhecida (...) Vício em jogo é igual vício em droga. É um adoecimento mental — disse a deputada federal.
Responsabilidade fiscal
Boulos criticou o arcabouço fiscal do atual governo. O partido dele votou contra a proposta na Câmara.
— Tinha problemas que criariam risco de haver cortes em programas sociais. Eu acredito que é plenamente possível ter responsabilidade fiscal com responsabilidade social — rebateu.
O deputado federal ainda criticou uma fala de Nunes, que exaltou as características liberais e a responsabilidade fiscal de sua gestão.
— São Paulo está com o maior orçamento em caixa da sua história e qual o legado que o Nunes deixou tendo isso em mãos? — questionou.
Classe média
Nunes afirmou que Guilherme Boulos fala mal da classe média. E perguntou se ele vai mudar de posição sobre o assunto ou manter a opinião.
— Você falou em uma entrevista sobre a classe média, que ela é intolerante, homofóbica, racista. Sobre esse tema, você também vai agora mudar de posição ou você assume aquilo que você disse sobre a classe média? —questionou Nunes.
Boulos, então, respondeu, dizendo que há um setor da sociedade brasileira que ajudou a eleger o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
— Tem um setor da sociedade brasileira, inclusive na classe média, que padece do racismo, da intolerância. Um setor que inclusive elegeu um presidente que foi o pior da nossa história e que hoje está contigo, Ricardo — disse.
Marta Suplicy
Marçal questionou o atual prefeito pelo fato de a candidata a vice de Guilherme Boulos, Marta Suplicy (PT), ter integrado sua gestão.
— Por que a Marta Suplicy, que é vice do Boulos, era sua secretária até o começo do ano? Não faz sentido. O eleitorado tem que saber disso — questionou Marçal.
Versículos da Bíblia
Antes, Marçal questionou Nunes sobre a utilização de um versículo da Bíblia em suas considerações finais no último debate, promovido pela TV Record.
— Ele encerrou falando um versículo que ele nem sabia onde estava e se embananou todo. Vou deixar aqui em aberto para você mostrar aos evangélicos, de quem você quer os votos: cite duas igrejas — disparou o ex-coach.
Na resposta, Nunes defendeu as obras de sua gestão, citando construção de escolas e piscinões, e citou duas passagens bíblicas em dois momentos.
— Essa coisa de querer falar de religião é muito ruim. Fica feio para você ir à Assembleia de Deus encontrar um grande líder para dizer que ele o apoia, sendo que não apoia. Vou deixar para você uma mensagem importante, o Salmo 133 — disse Nunes, que prosseguiu com a citação.
"Tia do colégio"
Pablo Marçal criticou a postura de Tabata Amaral pela menção de que ela seria a "adulta da sala" do debate.
— Ela quer provar para você que é mulher. Tabata, se mulher votasse em mulher, você iria ganhar no primeiro turno. Mulher não vota em mulher, mulher é inteligente — disse Marçal.
Guilherme Boulos lamentou a fala do influenciador e a classificou como preconceituosa.
— O esforço da Tabata é de parecer a mais sábia, só que a sabedoria dela é a mais baixa, porque a sabedoria envolve experiência. E o fato é que ela fica esbravejando como se fosse a tia do colégio entre nós — continuou o Marçal.
"Menino mimado"
Tabata afirmou que a polarização dá lucros políticos para os adversários, reforçando que ela sabe dialogar com todos.
— Não tem espaço na prefeitura para menino mimado — afirmou a candidata do PSB, sem citar nomes.
Obras superfaturadas
Guilherme Boulos criticou a atual gestão e disse que as obras na capital são superfaturadas.
— Ele falou aqui de experiência. Outro dia, Nunes, você declarou: "Boulos não tem experiência, não geriria nem um carrinho de cachorro-quente". Fico imaginando um carrinho de cachorro-quente gerido por você. O cachorro-quente ia custar uns R$ 300, porque a salsicha ia ser superfaturada, como foram as obras emergenciais. A salsicha ia vir do compadre, a mostarda ia comprar do amigo — afirmou Boulos.
— Essa experiência, eu quero longe de mim — disse o candidato do PSOL.
Nunes respondeu a acusação de Boulos, citando as mais de 8 mil obras em sua gestão.
— Rapaz, não fica colocando as coisas de uma forma errada para as pessoas, sem prova. Isso é feio. Vocês estão vendo aqui, está todo mundo aqui atacando. Nós estamos batendo o recorde de investimento em obras.
Liberação das drogas
Nunes afirmou ser contra a liberação de drogas e o aborto, em provocação a Boulos. Ele disse ainda ser importante saber se a pessoa mantém o posicionamento dela ou se muda apenas para disputar as eleições.
— Você (Boulos) fala mal da classe média. Você já falou várias vezes que é a favor da liberação de drogas, falou que é a favor da desmilitarização, ou seja, deixar a polícia desarmada, e a favor do aborto. A pessoa precisa ter um posicionamento. Fazer essa crítica toda a classe média e agora querer voto da classe média.
O candidato, então, cravou que "sempre" teve posicionamento contrário ao de Boulos nestes temas.
— Sempre tive um posicionamento muito claro: a favor da vida desde a concepção, a favor de uma polícia armada e contra a liberação de drogas.