As agressões no Centro Histórico de Porto Alegre, envolvendo Alexandre Bobadra (PL) e Leonel Radde (PT), serão pauta na Comissão de Ética da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. A briga poderá resultar em advertência pública, suspensão por 60 dias sem pagamento de salários ou até cassação dos mandatos, segundo o presidente da comissão, Cassiá Carpes (PP).
— Não tem como deixar passar em branco isso aí. Ainda nessa semana, o quanto antes, vamos abrir o processo e tentar finalizar tudo até o final do ano, mas têm os prazos de defesa que precisam ser respeitados — pondera Cassiá.
O caso aconteceu na última sexta-feira (21), no espaço das lancherias junto à Praça XV, no largo Glênio Peres. A confusão foi registrada em vídeos compartilhados nas redes sociais. Após tumulto, com gritos das duas vertentes políticas, Bobadra teria derrubado Radde com um soco. Em seguida, o vereador do PL teria sido atingido por uma cadeirada, desferida por outra pessoa. Após a briga, os dois foram encaminhados para a 2ª Delegacia de Pronto Atendimento, no Palácio da Polícia, onde prestaram depoimento.
Bobadra distribuía panfletos em apoio a Onyx Lorenzoni e Jair Bolsonaro, candidatos do PL que disputam o segundo turno aos cargos de governador e presidente. Ele afirma que o opositor pegou o seu material de campanha e disse que foi agredido.
Radde argumenta que o material distribuído por Bobadra era irregular, sem CNPJ e identificação obrigatória prevista em lei. Diz, no entanto, não ter se apropriado dos santinhos. Sobre a briga, afirma ter sido vítima e afirma que foi golpeado pelo adversário no braço e na cabeça. Diz ainda que a cadeirada contra Bobadra partiu de militantes que tentavam evitar que ele tivesse lesões mais graves.
Rito começa nesta segunda-feira
O presidente da Casa, Idenir Cecchim (MDB), deverá se reunir com Cassiá ainda nesta segunda-feira (24) para debater a instauração do processo. Os dois envolvidos pedem cassação do mandato alheio.
O rito na Câmara envolve a escolha de um relator, análise da corregedoria e uma possível votação em plenário com base no relatório gerado. Há espaço para apresentação de provas e defesa dos parlamentares.
Radde foi eleito deputado estadual e tem de tomar posse até 31 de janeiro de 2023. Segundo Cecchim, ele terá de renunciar ao cargo para migrar à Assembleia Legislativa, porém a discussão sobre a briga poderá continuar.
— O fato não se torna nulo — diz o presidente da Câmara.
Em razão da confusão, nenhum projeto será votado antes do segundo turno das eleições. Suspensas, as sessões serão retomadas somente na próxima semana.
— Eu poderia pedir reforço da Brigada Militar ou da Guarda Municipal, mas o clima está muito tenso entre os vereadores, e poderia haver alguma briga na Casa. Se precisar, fazemos sessão extra semana que vem — complementa Cecchim.