O tradicional protesto do Grito dos Excluídos, que ocorre desde 1995 em São Paulo no dia da Independência, tornou-se um ato político de repúdio ao governo de Jair Bolsonaro na edição de 2022. Realizada na manhã desta quarta-feira (7), na Praça da Sé, a mobilização reuniu sindicalistas, integrantes de entidades e movimentos sociais e militantes de partidos de esquerda.
Nos pronunciamentos, feitos a partir de um caminhão de som estacionado em frente à Catedral da Sé, os manifestantes responsabilizaram o governo federal pelo aumento da fome e da desigualdade social no país. Ao mesmo tempo, demandavam a ampliação da construção de moradias, fortalecimento do SUS e ampliação da estrutura de controle aos danos ambientais.
Não foi um ato oficial de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas muitos simpatizantes do petista compareceram ao ato, e o nome dele foi mencionado em alguns discursos. Também foi estendida uma faixa em apoio ao candidato do PT.
Marcado para 9h, o ato começou morno, com fraca presença de manifestantes na Praça da Sé. A concentração aumentou depois das 10h, coincidindo com a trégua momentânea da chuva, que caía desde o final da manhã na capital paulista.
Um dos discursos de protesto contra o governo foi feito pelo Padre Antônio Naves, da Arquidiocese de São Paulo, que também rezou o Pai Nosso em cima do caminhão de som. O religioso mencionou que a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é uma das idealizadoras do ato.
— O governo está causando a fome de mais de 33 milhões de pessoas. Na linguagem popular, o país está arrebentado. Nós precisamos, segundo a CNBB, lutar para que haja democracia e respeito ao povo, sobretudo aos mais vulneráveis — disse o padre.
O evento prosseguiu até o final da manhã. Antes do início dos discursos, a organização distribuiu alimentos para o café da manhã de moradores de rua na Praça da Sé.
Também pela manhã, em outro ponto de São Paulo, no Parque da Independência, na Zona Sul, foi realizado o tradicional desfile militar em celebração ao bicentenário da Independência.
A partir das 12h, simpatizantes do governo Bolsonaro começaram a se reunir para manifestar apoio ao presidente na Avenida Paulista.
Em Porto Alegre
Na Capital, a 28ª edição do Grito dos Excluídos e das Excluídas é realizado no bairro Partenon, na Zona Leste. Desde 2019, a marcha deixou de acompanhar o tradicional desfile de 7 de Setembro e passou a promover a caminhada em regiões que precisam de visibilidade.
A concentração começou pouco antes das 9h na Rua Vidal de Negreiros, 550, em frente à Igreja São José do Murialdo. A caminhada deve passar pela Rua Primeiro de Setembro e pela Avenida Bento Gonçalves, seguindo até a Praça Francisco Alves.
Ao longo do trajeto, serão feitos gritos e apresentações contra a fome, o racismo e pedindo o direito à terra, saúde, educação e moradia. Nos cartazes, participantes pedem ainda "vida em primeiro lugar" e questionam "200 anos de Independência, para quem?".