
Apontado como possível candidato à Presidência da República em 2018, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, dirá na propaganda partidária do PSD que populistas e oportunistas fazem mal ao país. No vídeo, que será veiculado na quinta-feira (21), em cadeia nacional de rádio e TV, Meirelles vai afirmar também que o brasileiro não quer mais saber de aventuras.
— Estamos no rumo certo e não podemos dar nenhum passo atrás. Temos de ficar atentos: o populismo e os oportunistas fazem mal ao país. O Brasil exige competência, responsabilidade e ética — dirá o ministro no vídeo, sem citar nomes.
— O governo anterior quebrou o país, essa é a grande verdade. O brasileiro não quer mais saber de aventuras — afirmará em outro trecho do vídeo, que foi apresentado pelo PSD a jornalistas nesta quarta-feira.
Elaborado por Felipe Soutello, marqueteiro que costuma fazer trabalhos para o PSD, a propaganda terá 10 minutos de duração. Desse total, o ministro da Fazenda falará por cerca de oito minutos. Além dele, falam rapidamente no vídeo Alda Marco Antonio, ex-vice-prefeita de São Paulo e coordenadora nacional do PSD Mulher, e pessoas comuns, que darão declarações sobre a percepção da economia brasileira.
Na propaganda, Meirelles faz defesa do governo de Michel Temer, embora não tenha mencionado o nome do presidente. Ele ressaltou melhoras nos indicadores econômicos do país, como controle da inflação, juros menores, comida "mais barata" e diminuição do desemprego.
— O rumo está correto e não podemos desviar o trilho. Ainda não deu para todo mundo perceber, mas a direção é de crescimento do Brasil — dirá o ministro.
Segundo Meirelles, o governo tem "tido coragem para fazer reformas fundamentais para a retomada do crescimento e do emprego".
— As reformas só dependem de um grande e poderoso reencontro dos milhões de brasileiros, que são maioria e não estão nos extremos ideológicos. Um reencontro para buscar um amanhã diferente — afirmará.
A propaganda também apresentará um pequeno resumo do currículo do ministro. O vídeo ressalta que Meirelles estudou em escola pública, formou-se em engenharia e se especializou em economia. A peça tenta passar uma imagem de que o ministro é trabalhador.
— Sou um homem que acredita no diálogo. Durmo pouco e trabalho muito. Gosto de trabalhar — dirá o ministro, que aparece no vídeo vestido apenas de camisa social, sem terno.
Meirelles dirá ainda que o foco de seu trabalho é "combater privilégios", aumentar emprego e distribuir renda.
— Dizer que as coisas estão ótimas é faltar com o respeito com aqueles que ainda estão sem emprego. (...) Sempre dá para melhorar mais — disse. — Sem arrumar a economia, não se arruma a saúde nem a educação, muito menos a segurança. Por isso, é importante o governo gastar melhor, para investir em mais polícia e mais equipamentos — afirmará em outro trecho.
Mobilização
Meirelles tem admitido interesse em disputar a Presidência da República em 2018, mas diz que só decidirá sobre a candidatura no final de março, prazo final exigido pela legislação eleitoral para que ministros que disputarão as eleições de outubro se desincompatibilizem do cargo. O ministro, porém, já vem se mobilizando para viabilizar a candidatura.
Ele repaginou suas redes sociais, contratou equipe de filmagem para registrar suas atividades, além de dar mais entrevistas. Em uma atitude inusitada, Meirelles convocou coletiva de imprensa para esta quinta-feira (21) na sede nacional do PSD em Brasília. Segundo o partido, o ministro falará sobre temas variados, principalmente sobre política. A entrevista ocorrerá na hora do almoço para "não haver conflito de interesse".
Na tentativa de fugir do rótulo de candidato do mercado, Meirelles começou a fazer inflexão no discurso. Ele prepara uma plataforma eleitoral para tentar traduzir a melhoria dos indicadores econômicos em benefício à população mais pobre. Em café da manhã com jornalistas na terça-feira (19), o ministro acenou com reajuste dos benefícios do Bolsa Família e a correção da tabela do Imposto de Renda de Pessoas Físicas (IRPF) em 2018, ano eleitoral.