As convenções partidárias que começaram neste final de semana devem consolidar um cenário para a sucessão caxiense que colocará quatro candidaturas para a escolha do eleitor na eleição em primeiro turno para a prefeitura de Caxias do Sul no dia 6 de outubro.
O cenário foi construído desde o início do ano passado e desemboca no ano eleitoral, na pré-campanha, em quatro chapas: uma aliança de partidos de direita, com o vereador Maurício Scalco (PL) para prefeito e a vereadora Gladis Frizzo (PP) para vice; uma aliança de centro-esquerda, com a deputada federal Denise Pessôa (PT) para prefeita e o ex-prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT) para vice; a chapa que representa a candidatura do governo, com o prefeito Adiló Didomenico (PSDB) à reeleição e Edson Néspolo (União Brasil) para vice; e uma aliança entre MDB e PSD, com o vereador Felipe Gremelmaier (MDB) para prefeito e Michel Pillonetto, presidente do PSD local, para vice.
Para compor completamente o cenário eleitoral, ainda faltam as definições dos retardatários PSB e Solidariedade. Em política, até pode haver alterações de última hora, mas é muito improvável. E foi assim que se constuíram as quatro candidaturas que as convenções irão formalizar. Agora, é com o eleitor.
A frente de direita
O cenário eleitoral caxiense começou a ser montado, na verdade, no primeiro dia de fevereiro de 2021. Neste dia, houve a posse com diplomação dos vereadores da atual legislatura. Imediatamente após a solenidade, o então vereador e hoje deputado federal Mauricio Marcon (então no Novo, hoje no Podemos), foi até a frente do prédio da Câmara e gravou um vídeo postado em rede social, em que anunciava a formação de uma frente anti-PT. Ali naquele momento está a gênese da frente de partidos de direita, que inclui hoje o PL, o Novo, o Podemos e o PP. Marcon é o mentor da articulação e propôs Scalco, então no Novo, para liderar a frente como candidato à prefeitura. O nome já era mencionado desde antes de junho de 2023 e constitui-se na primeira articulação tendo em vista a eleição de 2024 para prefeito. Em torno dele, se desenrolou a articulação, que incluiu a transferência de Scalco para o PL em novembro de 2023 e de Gladis do MDB para o PP na janela de transferências, em maio deste ano. A articulação, no entanto, não conseguiu atrair outro partido de direita, o Republicanos, que preferiu apoio à chapa do prefeito Adiló.
Sem Sartori, PDT vai com PT
Outro momento importante da construção do cenário foram as investidas dos emedebistas caxienses e das principais lideranças do partido no Estado para que o ex-prefeito e ex-governador José Ivo Sartori concorresse à prefeitura. A novela avançou no ano passado, mas era previsível que Sartori declinasse da convocação, uma vez que já foi prefeito de Caxias e seu caminho político natural tem como destino a disputa ao Senado. Antes da Festa da Uva, Sartori informou oficialmente ao partido que não iria concorrer. A presença do ex-governador no cenário da sucessão era uma expectativa do PDT, que dava preferência a Sartori para uma aliança. Sem Sartori, o PDT informou que não iria esperar por uma definição emedebista para definir seu rumo eleitoral. O partido, desde a nomeação de Cecília Pozza, em março de 2022, começou um processo de depuração política para aproximar a sigla de suas raízes de centro-esquerda. Em decorrência, já que Sartori não participaria da disputa, o PDT escolheu formar uma aliança de centro-esquerda com o nome que o PT vinha amadurecendo desde 2022, da deputada federal Denise para a prefeitura. E indicou para a composição o ex-prefeito Alceu como pré-candidato a vice. A frente de centro-esquerda reúne ainda parceiros tradicionais, como PCdoB e PV, que formam federação com o PT, mais PSOL, Rede e Avante.
Adiló com Néspolo
O prefeito Adiló à reeleição sempre foi o caminho natural para a chapa do governo. A novela, nesse caso, foi a indicação do nome para vice. A alternativa natural sempre foi João Uez, que licenciara-se do PSDB desde a eleição para o governo do Estado em 2022. Ele sempre ocupou cargos estratégicos dentro do Governo Adiló, e era homem de confiança do prefeito. João filiou-se ao Republicanos com o foco na vaga de vice, para a qual era o candidato natural. Mas Adiló, o presidente do PSDB local, Neri, o Carteiro, e o União Brasil viram a possibilidade de dar outra destinação à vaga. O ex-candidato a prefeito e adversário de Adiló em 2020, Edson Néspolo, que até então estava fora do cenário político caxiense, filiou-se ao União Brasil na janela de março passado e virou alternativa automática para vice na chapa do governo. Ele tem trajetória no cenário caxiense, possui densidade eleitoral e seu partido, tempo de tevê. João, então, foi rifado, o que gerou uma crise sem precedentes dentro da aliança, em nome de Néspolo. Mesmo assim, o Republicanos e João seguiram no apoio ao prefeito para a reeleição e Néspolo foi consagrado vice em ato político há duas semanas. Além do União Brasil, o PSDB conseguiu atrair para a aliança o Cidadania, com quem forma coligação, o PRD, o próprio Republicanos, o PRTB e o Democracia Cristã.
O atraso do MDB
Por fim, o MDB. No folclore político caxiense, é conhecida a resposta do ex-prefeito Sartori sobre sua disposição em concorrer em sucessivas eleições:
— Depois da Festa da Uva — costumava dizer ele sobre a tomada de decisão.
Este ano, ele anunciou antes da Festa da Uva sua decisão em não concorrer, liberando o MDB para definir seu rumo eleitoral com outra candidatura. O partido, no entanto, avançou devagar nas definições. Tanto que extrapolou no prazo, e a definição do nome a prefeito, do vereador Felipe, só surgiu "depois da Romaria de Caravaggio", em uma prévia que inicialmente foi marcada para o início de maio, no epicentro da tragédia climática no Estado, e transferida para o início de junho. Por tomar sua definição com muito atraso, restaram pouquíssimas opções de parceria ao MDB, que fechou com o PSD do vereador Juliano Valim, com a indicação do presidente do partido, Michel Pillonetto, para vice.
Confira como fica cada uma das chapas
Partidos: PSDB, Cidadania, União Brasil, Republicanos, PRD, PRTB e Democracia Cristão
- Para prefeito: Adiló Didomenico (PSDB)
- Para vice: Edson Néspolo (União Brasil)
Partidos: PT, PDT, PCdoB, PV, Rede, PSOL e Avante
- Para prefeita: Denise Pessôa (PT)
- Para vice: Alceu Barbosa Velho (PDT)
Partidos: MDB e PSD
- Para prefeito: Felipe Gremelmaier (MDB)
- Para vice: Michel Pillonetto (PSD)
Partidos: PL, Podemos, PP e Novo
- Para prefeito: Maurício Scalco (PL)
- Para vice: Gladis Frizzo (PP)