Desde o dia 31 de outubro, o Pioneiro publica os perfis dos candidatos a vice-prefeito de Caxias do Sul. Confira o oitavo:
Para entender como Nilvo Bertolla encarou o desafio de concorrer a vice-prefeito na chapa ao lado de Renato Toigo, candidato a prefeito pelo PSL, é preciso voltar para 1974. Naquela altura, Nilvo tinha 21 anos e Geny, sua noiva, 18. Nascido em Marcelino Ramos, cursou o Ensino Médio em Erechim, município onde acabou por se casar com Geny.
No dia do casamento, um tio de Ana, mãe de Nilvo, convidou os recém-casados para morar em Caxias do Sul.
— Cara, não tínhamos nada. Só amor e muita vontade de trabalhar (risos). Naquela época, eu trabalhava em uma indústria e a Geny, em um frigorífico, mas quando casamos ela ficou em casa. Naquela época, eles não aceitavam mulher casada trabalhando fora — recorda.
Nilvo não parece ser dessas pessoas que fala muito sobre os seus sentimentos. Tem uma expressão contida, assim como seus gestos. Procurando as melhores palavras para descrever o propósito da vinda para Caxias, Nilvo explicou que o tio da sua mãe havia oferecido um trabalho em um cidade com mais perspectivas do que Erechim. Revisando a vida, com o olhar aparentemente distante, como quem busca reconstituir as cenas, Nilvo deixa escapar o sentimento do casal naqueles dias.
— No dia 30 de novembro de 1974, viemos na cara e na coragem para Caxias. Eu tinha 21 anos e a Geny, 18, e ela já estava grávida. Foi um tempo de muito trabalho, mas também de muita lágrima. Nós não fomos embora porque não tínhamos para onde ir — reconhece.
A união com Geny, atualmente com 64 anos, resultou em três filhos: Fernando, 45, Valéria, 43 e, Flávia, 35. Além disso, tem seis netos e um bisneto. Durante o percurso da vida, cujos frutos, diz ele, são os filhos, a religiosidade tem sido um elo que os une.
— Quando tu estás em dificuldade, tem de se agarrar a alguma coisa. Eu sempre rezei, agradeço todas as noites o dia que eu tive e, no dia seguinte, peço uma ajuda para a jornada. Eu acredito, tenho fé e criei meus filhos dentro desses princípios — revela.
Há cerca de oito anos, Nilvo precisou exercer a fé, no sentido mais próximo ao que ensinam as Escrituras. No livro de Hebreus, está escrito que a "fé é a certeza das coisas que se esperam e a convicção de fatos que não se veem". Nilvo agarrou-se a essa convicção de cura de uma dor nas costas. Depois de uma série de exames sem resposta clínica e de perder mais de 10 quilos, familiares o levaram para um centro espírita.
— Marcaram uma cirurgia astral. Enquanto eu estava na cirugia, senti uma luz azul entrando em todos os vasos do corpo. Eu estava deitado em uma maca, de olhos fechados, e senti aquecer todo o meu corpo. Quando levantei me sentia melhor. No dia seguinte, nem precisei mais tomar remédios para a dor.
POR QUE FILIAR-SE?
A palavra que Nilvo mais citou durante a entrevista foi trabalho. Em 1977, além de trabalhar, ingressou no curso de Ciências Contábeis, da UCS, onde conheceu o então professor Renato Toigo, atualmente seu amigo e parceiro de chapa. Quando Jair Bolsonaro apareceu como candidato à presidência da República pelo PSL, Nilvo decidiu filiar-se ao partido.
— Eu sempre achei a administração pública muito lenta, burocrática, parece que ela não quer atender aos anseios da população. Eu entendo que dá para fazer muito e de forma mais rápida e objetiva. Vamos ver depois na prática como será. Mas vejo que tem-se criado uma barreira entre o poder público e a população. Se não mudarmos isso aqui agora, como vai ser? Foi por isso que eu me filiei — explicou.
POR QUE CONCORRER?
Aquele jovem Nilvo, que veio a Caxias em busca de um sonho, em 1974, conecta-se ao Nilvo de hoje, que deixou de lado a vida de contabilista para virar um investidor do agronegócio.
— Eu vejo como um novo desafio ser candidato a vice-prefeito. Estamos começando do zero aqui, como partido, mas com muito mais experiência de quando viemos para cá, como casal.
Para Nilvo, o propósito de uma vida pública, na gestão de um município como Caxias, é encarada como uma missão cívica e patriótica, de lutar por um país melhor.
— Temos de preparar essa terra, para que nossos netos e bisnetos tenham uma condição melhor para viver. Todos nós temos um dever cívico de deixar aqui um legado, deixar essa cidade um pouco melhor do que encontramos. Esse é o nosso desafio.
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