A semana, embora curta por conta do feriadão, foi turbulenta devido à votação do pedido de impeachment do prefeito Daniel Guerra (PRB). Votada na terça-feira pela Câmara de Vereadores, a denúncia foi rejeitada por unanimidade. O resultado provoca análises e reflexões e permite que os envolvidos possam tirar lições do episódio – é o que se espera.
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Chefe de Gabinete da administração municipal, Júlio César Freitas da Rosa acredita que a grande lição foi de respeito ao desejo da comunidade, que elegeu Guerra em outubro do ano passado:
– Se houvesse irregularidade, tenho certeza de que os vereadores levariam adiante. Eles entenderam a responsabilidade que tinham em respeitar a vontade da população.
Para o líder do governo no Legislativo, Chico Guerra (PRB), a pressão popular foi fundamental e mostrou aos parlamentares que as pessoas estão atentas e irão pressionar quando perceberem movimentos da "velha política".
– A população deu o recado nas urnas e está sempre pronta para lembrar a todos que quem manda na cidade é o povo, e não os políticos – frisa.
Já os vereadores de oposição esperam que o processo todo, apesar do resultado favorável ao prefeito, possa promover mudanças na forma como Guerra se relaciona com a sociedade e com a Câmara. Líder da bancada do PT, Rodrigo Beltrão acredita que, diante da atitude, que ele considera responsável, dos vereadores, o prefeito deve dar um passo nesse sentido, "de maturidade democrática".
Mas a expectativa dos vereadores de uma autocrítica por parte de Guerra já vem com um certo pessimismo.
– Se eu fosse denunciada, levaria muito a sério, iria rever posicionamentos. Mas a declaração do prefeito, de que vai seguir trabalhando igual, não me pareceu ter reflexão – analisa Paula Ioris, vereadora do PSDB.
O resultado favorável a Guerra foi, para Elói Frizzo (PSB), fruto de uma postura que o prefeito dificilmente teria se ainda estivesse na Câmara como vereador.
– Se fosse outro prefeito alvo de pedido de impeachment, qual seria o voto do Daniel? – questiona ironicamente.
Sem base legal e material, a denúncia não poderia, segundo Frizzo, ser aceita. Mas alerta:
– Esse resultado não significa que na frente, em processo similar, não tenha desfecho diferente.
"Era um direito meu"
Autor da denúncia contra o prefeito Daniel Guerra, o bacharel em Direito João Manganelli Neto considera que o Legislativo demonstrou responsabilidade e maturidade democrática ao analisar de forma técnica o documento. Por escrito, ele disse ao Pioneiro que era um direito seu apresentar a denúncia, assim como era direito de cada vereador votar conforme as suas convicções.
– Creio que, como resultado disso, o prefeito tem a opção de avaliar o seu governo, corrigir as falhas e aproveitar o voto de confiança que os vereadores lhe deram para continuar governando, sob pena de qualquer cidadão denunciá-lo se o seu governo piorar e tiver irregularidades insanáveis – destacou, por e-mail.