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O próximo governador do Estado terá de lidar com uma tendência preocupante: pelo menos sete grandes empresas de Caxias do Sul e região ultrapassaram a divisa do Rio Grande do Sul para apostar em novas unidades de negócio.
Além de incentivos fiscais e redução dos custos de transporte, que encarecem os custos de logística e tornam seus produtos menos competitivos, muitas empresas apostam na localização estratégica mais próxima de grandes portos, aeroportos e terminais ferroviários.
Mesmo que nem todas tenham concluído o processo, a experiência deve servir como um teste para novos movimentos futuros, o que pode comprometer ainda mais a presença da indústria metalmecânica na Serra.
A cidade de São Mateus, no Espírito Santo, foi escolhida pela caxiense Volare, fabricante de miniônibus pertencente à Marcopolo. Para ficar próxima da Volare, sua principal cliente, a Agrale também se instalará na cidade capixaba. Em São Paulo, as cidades de Araraquara e Indaiatuba receberão, respectivamente, unidades para a produção de locomotivas e vagões ferroviários da Randon e filial da PCP Produtos Suderúrgicos.
A Neobus, também fabricante de ônibus caxiense, elegeu a cidade de Três Rios (RJ) para instalar sua nova planta industrial. De Farroupilha, a Bigfer, fabricante de acessórios para móveis, expandiu seus negócios em Curitiba e Votuporanga, no Paraná, e a Famastil Taurus, de Gramado, que produz ferramentas, espraiou negócios na cidade de São Lourenço da Mata (PE).
Juntas, as empresas que deixaram a região deverão gerar cerca de 5 mil empregos diretos, além, é claro, de milhões em impostos que não irão mais entrar nos cofres do Estado.
O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), Getúlio Fonseca, exemplifica bem o peso da falta de estrutura no custo das empresas. De acordo com ele, no Rio Grande do Sul, os custos com logística representam entre 18% e 20% das despesas, enquanto que no Paraná e em São Paulo, essa parcela cai para cerca de 6%.
- O custo para mandar um ônibus de Caxias para a Paraíba fica em torno de R$ 16 mil. De São Paulo, levar esse mesmo veículo para o Nordeste sai por cerca de R$ 2,6 mil - compara.
Estradas ruins, trem inacessível
O presidente do Simecs, Getúlio Fonseca, critica a falta de alternativas para o transporte de cargas para a Serra e daqui para o resto do país. Estima-se que 87% da produção do Rio Grande do Sul seja escoada por meio do transporte rodoviário.
No entanto, o sistema rodoviário do Estado, incluindo estradas importantes que passam pela Serra como a BR-116, a RSC-453 e a BR-285, estão sobrecarregadas e não estão nas melhores condições de trafegabilidade. O resultado é o encarecimento do produto devido ao trânsito lento, risco de acidentes e danos à carga.
O transporte ferroviário, que poderia ser a alternativa mais barata e rápida também não avança. O módulo responde por apenas 8% da carga transportada no Estado, muito longe dos 25% verificados no restante do país.
Entre os motivos da baixa utilização de ferrovias estão a má conservação das linhas e o abandono de alguns ramais, como o de Bento Gonçalves-Jaboticaba, na Serra.
Também segue a passos a definição sobre o Aeroporto de Vila Oliva. Recentemente, o empresariado da região encaminhou pedido para que o terminal receba tanto passageiros quanto cargas. Os estudos de viabilidade econômica, ambiental e técnica estão em estudo na Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República.