![Jonas Ramos / Agencia RBS Jonas Ramos / Agencia RBS](http://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/16912899.jpg?w=700)
Segundo polo metalmecânico brasileiro e consumidor de quase 5% de todo o estoque de aço plano no país, o município de Caxias do Sul vive um cenário de incertezas: nos últimos 12 meses, aproximadamente 5 mil postos de trabalho na área de metalurgia foram fechados, segundo o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs).
Confira o que os candidatos ao governo estadual dizem que farão para ajudar a resolver problema
Entre os especialistas, o atual péssimo momento é fruto de uma combinação de fatores desencadeados nos últimos anos. O diretor de Negócios Internacionais da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, Rogério De Antoni, analisa que o Brasil perdeu muito a competitividade nos últimos 10 anos.
Levantamento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) feito em 2013 mostra que o chamado Custo Brasil, que reúne entraves estruturais que encarecem a produção industrial, como impostos e custos de logística, contribuiu para que mercadorias produzidas pelo setor manufatureiro brasileiro ficassem 33,7% mais caras que produtos importados de países parceiros como a Alemanha, Argentina, Chile e França.
Dados do Simecs indicam que, há sete anos, cerca de 20% do faturamento do setor vinha das exportações.
Hoje, apenas 10% é proveniente dos embarques para o Exterior.
A situação só não se agravou mais porque a indústria está procurando abrir novos mercados, como o da África, conforme o presidente do Simecs, Getúlio Fonseca.
Taxas de juros muito elevadas, inflação crescendo mês a mês e retrocessos frequentes nas perspectivas de incremento da economia também provocam a desconfiança do empresariado, acrescenta De Antoni.
Outro problema que impactou duramente nos negócios, conforme Getúlio, foi a restrição de crédito por parte dos bancos, justificada principalmente pela alta da inadimplência.
Sem conseguir financiamentos, os pedidos de clientes desapareceram. Com a demanda desaquecida, muitas empresas não conseguiram manter o quadro de trabalhadores e optaram por demitir.
Apenas em agosto, conforme o Ministério do Trabalho e Emprego, o segmento da indústria fechou 485 vagas.
O pior mês do ano para o setor foi maio, com a extinção de 896 postos de trabalho.
Ex-metalúrgico vai investir em negócio próprio
O metalúrgico Rui Barbosa, 24 anos, foi demitido no início de setembro da empresa onde trabalhava há dois anos como operador e programador de eletroerosão. O irmão dele, Fernando, que também atuava em uma metalúrgica, foi dispensado na mesma época.
- Eles me chamaram e disseram que só estão esperando juntar mais dinheiro para fazer as rescisões de outros colegas. Argumentaram que a situação da economia está obrigando a empresa a demitir. Começaram por mim, que tinha o salário mais alto - revela Barbosa.
Sem expectativa de voltar logo a trabalhar na área, o rapaz se uniu a outros ex-metalúrgicos e vai aplicar o dinheiro da rescisão em um novo negócio, o Jaruli Delivery, serviço de telentrega em domicílio de conveniências.
- Não há qualquer garantia de que as vagas serão abertas logo. Além disso, pegar uma vaga só para dizer que está trabalhando e ganhar pouco não adianta. Vou investir no meu próprio negócio, onde podemos crescer sem ter medo de ir para a rua - afirma Barbosa.