Decidido a impor um novo foco ao governo - até agora pautado por negociações salariais com o funcionalismo -, Tarso Genro aciona sua peça mais estratégica. Ao assumir o principal programa social do Estado, o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, se consolida como aposta política e pessoal do governador. É com a dedicação do pupilo que Tarso pretende pavimentar uma marca para sua administração: a erradicação da miséria no Rio Grande do Sul.
Além da clara confiança no trabalho do secretário, há interesses partidários no movimento de Tarso. Pestana integra a corrente petista que mais incomoda os planos do governador: a Democracia Socialista, uma ala considerada radical pelo grupo de Tarso. Fortalecer Pestana, portanto, é ganhar terreno em um campo minado.
A primeira decisão para valorizar o secretário foi liberá-lo das negociações com servidores públicos. A tarefa desgastante de articular aumentos salariais, quase nunca em consenso com as categorias, ficará a cargo da Secretaria da Administração, liderada por Stela Farias.
- A ideia é mudar a pauta do centro de governo, com foco voltado para o desenvolvimento social e econômico. Como já construímos reajustes para as principais categorias, queremos encerrar um ciclo - avalia Pestana, advogado de 49 anos.
Sua maior incumbência será coordenar o projeto RS Mais Igual, braço local do programa federal Brasil sem Miséria. A novidade desagrada a setores do PTB, aliado que comanda a Secretaria do Trabalho e Assistência Social - pasta teoricamente responsável por ações desse cunho.
- Com o projeto centralizado na Casa Civil, o PTB começa a perder as prerrogativas que adquiriu ao apoiar o governo. O prejuízo é do partido - diz o deputado estadual
Cassiá Carpes, que, a partir de maio, deverá ser o presidente da sigla.
Lara nega esvaziamento da Secretaria do Trabalho
O argumento do governo é que o RS Mais Igual abrangerá 13 secretarias - e Pestana atuará como um articulador, não vai suprimir os louros de ninguém. O secretário do Trabalho, Luis Augusto Lara, atual presidente do PTB, mantém sua tradicional defesa ao governo:
- Não há sobreposição nem esvaziamento. Trata-se de uma quebra de cultura trazer a questão social para o centro do governo. As pessoas estranham no primeiro momento.
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Tarso Genro modifica Casa Civil para afastar pauta negativa
Negociações salariais deixam o Piratini e vão para a pasta de Stela Farias, no Centro Administrativo
Paulo Germano
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