Era madrugada do dia 17 de julho de 2024 quando os amigos Henrique de Castro Lammel, 31 anos, morador de Gramado, e Luceni Tatiane Inocente Borges, 42, residente em Canela, pararam de responder as mensagens da família. A partir daí, foram considerados como desaparecidos, deixando familiares, amigos e a comunidade apreensivos na busca por respostas sobre o sumiço, que completará seis meses nesta sexta-feira (17).
Em setembro do ano passado, dois meses após o desaparecimento, o delegado responsável em Canela, Vladimir Medeiros, afirmou, sem dar detalhes, disse que uma das linhas de investigação seria sobre suposta relação com o tráfico de drogas. Porém, ainda cercado de mistérios, sem pistas ou suspeitos, a Polícia Civil trata o caso como uma “investigação difícil”, diante de muitos fatores que ainda faltam serem esclarecidos. Uma das hipóteses apontada pelo delegado substituto em Canela, Fabio Idalgo Peres, é a de sequestro. Já a possibilidade de um desaparecimento espontâneo é descartada pelo órgão.
— Este desaparecimento está sendo tratado como um caso de extrema gravidade, porque tudo leva a crer que eles foram arrebatados (sequestrados) aqui da cidade de Canela. Há indícios de que eles foram levados daqui, mas que ainda precisam ser mais contundentes. A polícia não está tratando como um desaparecimento espontâneo. É uma situação um pouco mais delicada de análise, porque até agora não tivemos sucesso em localizar pistas ou indícios sobre o fato — afirma.
Na época do sumiço, familiares haviam recebido informações de que os amigos teriam ido juntos para São Leopoldo, no Vale do Sinos, com o intuito de buscar encomendas de compras feitas pela internet. Porém, não há provas de que eles chegaram no destino pretendido. Conforme o delegado Peres, a polícia já realizou pedidos de medidas judiciais, sendo que alguns deles apontaram a probabilidade de os amigos terem sido levados para a Região Metropolitana de Porto Alegre, entretanto, sem outras informações que conduzissem ao paradeiro de Henrique e Luceni. Foram feitas, inclusive, divulgações em institutos médicos legais e hospitais. Outras diligências, porém, ainda seguem pendentes, segundo o delegado.
— O decurso do tempo tem tornado um desafio a localização deles. Nós não tivemos muito sucesso em alguns pedidos de rastreabilidade do itinerário, mas temos a convicção de que, por algum motivo, eles estavam logo em seguida na Região Metropolitana, onde também fizemos diligências por lá, mas que não tiveram êxito até o momento — relata.
Mesmo considerado como complexo, o caso do desaparecimento de Henrique e Luceni continua aberto e segue sendo investigado pela Polícia Civil.
— Existem os desafios com o passar do tempo, mas o caso não está encerrado. Nós colocamos nos bancos de dados, fizemos todas as diligências possíveis para informar e ter alguma situação que possa vir a encontrá-los, vivos ou mortos. A gente tenta esgotar todas as possibilidades. Ainda não é o momento e é prematuro falar que o caso poderá ser arquivado — garante.
Familiares mantêm a esperança
Quando Henrique e Luceni desapareceram, os familiares jamais imaginariam que o sumiço iria perdurar por tantos meses e sem respostas ou esclarecimentos. Passados quase 180 dias, convivem diariamente com sentimentos de impotência e angústia.
A ex-enteada e irmã do filho de Henrique, Julia Bervanger, 24, diz que uma das maiores dificuldades tem sido tentar explicar a situação ao menino, de oito anos. Ele e o pai conversavam todos os dias antes do desaparecimento.
— Ele pergunta sempre pelo pai e o que mais queremos é poder dar respostas para ele também. Com o passar do tempo, tem sido mais difícil pra todos nós — relata Julia.
Apesar de todas as incertezas, as esperanças ainda persistem, segundo Julia.
— Precisamos entender o que aconteceu e estamos fazendo o possível. Mesmo que seja apenas 1%, a esperança, como diz o ditado, é a última morre, e vamos mantê-la até o final — diz.
Esse é o mesmo sentimento da irmã de Luceni, Betina Borges, 30.
— Eu passei Natal e Ano-Novo com a minha mãe e foi um dos piores já vividos, pois não sabemos mais o que pensar. Minha mãe não consegue acreditar que o pior possa ter acontecido e ela (a irmã) jamais ia ficar tanto tempo sem dar uma notícia. Mas continuamos com fé de que ela esteja viva — afirma Betina.
Quem tiver alguma informação sobre o desaparecimento pode entrar em contato pelos telefones 190, da Brigada Militar, ou (54) 3282-1212, da Polícia Civil de Canela.