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A família e os amigos de Daniel Strasser de Oliveira, de 18 anos, realizaram uma manifestação, na tarde deste domingo (24), na área onde o jovem foi espancado até a morte há uma semana, no bairro São José, em Caxias do Sul. Cerca de 50 pessoas participaram do ato, que teve acendimento de velas no ponto da Perimetral Norte onde o corpo foi encontrado.
Segundo a mãe de Daniel, Carla Strasser, a manifestação é para evidenciar o motivo fútil pelo qual o filho foi morto na madrugada do dia 18 de outubro e para pedir justiça. Supostamente, Daniele teria danificado uma moto que pegou emprestada de outros dois jovens, o que teria motivado as agressões. A dupla está presa. Ainda muito abalada, Carla chorou em diversos momentos e passou mal quando o ato chegou ao local onde o corpo do filho foi encontrado.
—Eu não vou aceitar isso. Eu quero justiça. Hoje eu choro e vai ser assim a minha vida inteira, mas se eles saírem daqui a pouco é mais uma mãe, duas ou três. Quem mata uma vez, vai matar sempre — desabafou Carla.
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A família de Daniel contratou um advogado para acompanhar o caso. Ela reafirmou que irá fazer de tudo para que os dois suspeitos permaneçam presos:
— Ele (acusado) bateu foto com meu filho, depois o matou. Não aceito isso. Eles eram amigos até no Facebook, baterem foto e depois foi matar meu filho. Eu não vou ficar parada. Vou fazer o que puder para esses assassinos ficarem lá dentro (do presídio).
A manifestação saiu de fronte de um bar em que Daniel esteve antes de ser morto, próximo do entroncamento entre a Perimetral Norte e a Rua Moreira César. Os participantes usavam camisetas brancas estampadas com a foto de Daniel e com a última frase que ele teria dito antes de sair de casa: "Então tá fácil". Além de velas e balões brancos, o grupo orou no local do assassinato.
Saiba mais
Daniel Strasser de Oliveira era morador de Ana Rech e saiu de casa no último domingo (17) para jogar sinuca com os amigos em um bar no bairro Pio X. Segundo relato dos amigos que estavam com a vítima naquela noite, Daniel teria pedido o carro emprestado de um deles, mas a solicitação foi negada. Daniel então pediu a moto a outro conhecido. Mais tarde, Daniel retornou com um capacete e a moto danificados.
— Depois de uns 20 minutos, ele (Daniel) chegou, entregou o capacete e foi direto pro banheiro. O dono da moto viu que a viseira do capacete estava quebrada e foi lá fora ver a moto. Aí ele me chamou para mostrar o que tinha acontecido, que o espelho estava quebrado — relata Michel Vargas da Silva, 22 anos, que complementa:
— Eles botaram o Daniel para fora, mas ele queria voltar e a gente disse pra ficar aqui. Já estávamos saindo. Ele disse que não ia esperar e saiu sozinho, pediu para a gente buscar ele na perimetral. Não deu cinco minutos, os guris passaram de moto. Eu fui no banheiro e saímos, quando entramos na Perimetral, eu disse "acho que é o Alemão (Daniel) caído ali". Nesse momento, a polícia já estava do nosso lado e parou junto.
Daniel foi encontrado já sem sinais vitais. Os dois suspeitos da morte foram presos no mesmo dia e conduzidos ao sistema prisional. Com eles, foram apreendidos capacetes que podem ter sido usados para matar a vítima.
— Os suspeitos foram presos em flagrante pela BM. Aguardamos algumas perícias, inclusive nos capacetes (apontados como arma do crime), que seriam provas técnicas para robustecer a investigação. O inquérito policial deve ser encaminhado para a Justiça na próxima semana — afirma o delegado Vitor Carnaúba, que responde interinamente pela Delegacia de Homicídios.