Uma denúncia sobre cinco homens armados que estavam intimidando moradores do bairro Euzébio Beltrão de Queiroz, em Caxias do Sul, foi o que levou a Brigada Militar (BM) iniciar uma ação que terminou com dois mortos na noite de quinta-feira (4). Segundo informações do setor de inteligência da BM, os criminosos não seriam moradores do bairro e estariam naquele beco para proteger pontos de venda de drogas. O local é popularmente conhecido como Vila do Cemitério e contabiliza oito assassinatos em 2020.
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No final da manhã desta sexta-feira (5), o Instituto Geral de Perícias (IGP) identificou os dois mortos por meio da papiloscopia (comparação de digitais): Bruno de Oliveira França, 21 anos, é natural de Caxias do Sul e possuía passagem pelo sistema penitenciário por tráfico de drogas, e Alisson Bortolini Ferreira da Silva, 17, natural de Soledade, no Norte do Estado. Conforme o boletim de ocorrência, eles portavam uma pistola .380, um revólver calibre .38 e duas porções de maconha no momento em que foram mortos.
O relato da comunidade sobre o grupo que estaria armado no bairro Euzébio Beltrão de Queiroz chegou à BM ainda durante o dia de quinta-feira e mobilizou agentes do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM) e do 4º Batalhão de Polícia de Choque (4ª BPChoque). A primeira investida da polícia aconteceu ainda às 15h, mas nenhum suspeito foi localizado. Ao longo do dia, outras patrulhas estiveram no bairro na busca pelos criminosos armados.
O confronto aconteceu em um beco da Rua José do Patrocínio, por volta das 20h. O local é de difícil acesso, por isso os quatro PMs do BPChoque deixaram a viatura e fizeram a incursão a pé.
— Foi na entrada do chamado Beco do Cantão, que é um conhecido ponto de tráfico. A informação é que eles estariam fazendo a segurança do local em função das últimas mortes e estariam lá para dar continuidade ao tráfico. O relato era sobre cinco indivíduos, mas só foram encontrados dois. Como é um aglomerado de casebres, é fácil a fuga, então outros envolvidos podem ter corrido — afirma o capitão Amilton Turra, subcomandante do 4ª BPChoque.
Para o oficial, a ação dessa quinta é uma continuidade da violência que vem sendo registrada no Euzébio Beltrão de Queiroz. Nos dias 24 e 25 de abril, quatro pessoas foram assassinadas durante dois ataques entre grupos rivais, o primeiro na Rua Henrique Cia e o outro neste mesmo beco da Rua José do Patrocínio. Na sequência destes crimes, três suspeitos foram detidos pela BM e outros dois capturados presos pela Polícia Civil. A Delegacia de Homicídios mapeou a rixa entre dois grupos de traficantes e afirmou que todos os atiradores haviam sido presos.
— É muito cedo para falar (sobre a relação com os quatro assassinatos anteriores). Afinal, já tínhamos prendido todos os envolvidos com aquelas mortes. A região tem droga, tem armas, tem desafetos e tem toda receita para esse tipo de violência — aponta o delegado Adriano Linhares.