
Inicialmente tratada como feminicídio, a morte de Bruna Silva, 19 anos, foi por asfixia em razão de um derrame pleural (líquido nos pulmões), segundo laudo médico. A jovem, morta nesta quarta-feira (25) em Bom Jesus, foi espancada pelo namorado na segunda-feira, mas o legista Thiago Batista, que realizou o exame no corpo no Departamento Médico Legal (DML) de Vacaria, descarta que a morte tenha relação com as agressões. Ele explica que não foi encontrado nenhum sangramento interno ou outras lesões provocadas por causa violenta. A única lesão por causa da violência encontrada foi um hematoma na coxa direita.
— Líquido normalmente é consequência de uma doença, mas a mais comum é a pneumonia. No entanto, tumores também causam a formação desse líquido, apesar de ser pouco provável nesta idade (da vítima). Pode acontecer por trauma também, mas quando acontece, tem sangue misturado (ao líquido, o que não foi o caso de Bruna) — afirma.
O perito solicitou, ainda nesta quinta, mais exames para conseguir determinar o que ocasionou a formação desse líquido encontrado nos pulmões de Bruna. O material coletado será enviado para a sede do Instituto Geral de Perícias (IGP), em Porto Alegre, e o resultado, segundo o legista, retorna em 20 dias.
— O que causou este líquido é o que temos que ir atrás. Por enquanto, é indeterminado — aponta Batista.
Sobre o líquido nos pulmões, Batista afirma que essa é uma situação que poderia ter sido constatada e remediada no hospital. A vítima, provavelmente, apresentaria uma intensa falta de ar, de início súbito, e uma medição do oxigênio no sangue, além de escuta pulmonar, possibilitariam o diagnóstico.
— Mas é preciso saber em qual estágio ela chegou no hospital — salienta o legista.
Namorado responde por lesão corporal
Com o exame do legista, o namorado de Bruna Silva responderá apenas por lesão corporal em razão das agressões da última segunda-feira (23). Naquele noite, Bruna foi até a casa do namorado, onde foi espancada com socos e chutes. Ela conseguiu fugir quando o namorado foi buscar um tijolo.
A jovem, então, correu e encontrou uma viatura da Brigada Militar (BM) em uma rua próxima. Os policiais militares conduziram todos os envolvidos para a delegacia e foi registrado um boletim de ocorrência por violência doméstica. Bruna, naquele dia, solicitou medida protetiva de urgência.
Por entendimento do delegado que atendeu o caso, o homem não foi preso em flagrante. Questionado pela reportagem nesta quinta-feira, o delegado Vitor Boff afirmou que, como estava trabalhando em Vacaria, onde é titular, não tinha acesso ao inquérito que estava em Bom Jesus. O investigado, namorado de Bruna, não teve a identidade divulgada oficialmente.
— É uma situação de lesão corporal e continua em investigação. Serão ouvidas as testemunhas, inclusive já estavam previstas algumas diligências — resume.
Após as agressões e os procedimentos na delegacia, Bruna dormiu em casa. No dia seguinte, foi trabalhar, mas passou mal e procurou atendimento médico. Ela ficou internada até a manhã de quarta-feira (25), quando recebeu alta médica às 9h30min. Ela passou mal novamente e voltou para o hospital naquela tarde, por volta das 15h. Bruna morreu no início daquela noite.