O caxiense Sérgio Luiz Maciel Filho pode dizer que o peculiar momento de distanciamento social que vivemos acabou por aproximá-lo de uma forma mais definitiva com a arte. É que ele viveu muitas idas e vindas com suas vocações artísticas. Recentemente, chegou a doar todos materiais relacionados à confecção de telas que tinha em casa — achou que não voltaria a desenhar ou pintar. Mas a pandemia deu lugar a sentimentos fortes e diversos, desses que exigem voz por meio da criatividade. Foi assim que nasceram as obras de Expande Feito Líquido, primeira exposição individual de Sérgio Luiz, que ocorre neste sábado, de forma virtual.
— Tenho histórico de abandono e retomada com a arte. Agora, na quarentena, pensei: "eu preciso ter uma rotina para não enlouquecer, mais do que já estou enlouquecido". Como eu tinha doado minhas coisas, comecei com o material que eu tinha em casa, pincéis, canetas e lápis de cor. Comecei sem pretensão, para espairecer e entender o material que eu estava usando. Pensei em aceitar como aquele material reagiria, então, tem bastante do acaso nas obras — conta o artista, que utilizou em seus trabalhos alguns suportes pouco usuais como caixas de remédio e embalagens de cigarro, além de materiais como vinho, café e graxa de sapato.
Num processo bem íntimo — e até terapêutico — Sérgio Luiz foi guiado pelas inquietações do próprio inconsciente na criação das obras. As caveiras são figuras constantes e carregam um pouco do peso do momento atual, com os números de mortes pelo coronavírus que não param de crescer no país.
— Num primeiro momento, fiquei pensando como ia ser ficar sem abraçar meu pai e minha mãe, sem ver as pessoas. Entrei um pouco num processo de tristeza. Me deu um medo de enlouquecer e perder o controle. Tem uns desenhos que fiz nos quais circulo a pincelada de lápis aquarelado com um traço em caneta esferográfica, acho que é um pouco para tentar conter, manter o controle. É um exercício de tentar controlar alguma coisa — reflete Sérgio Luiz.
O lugar escolhido pelo artista para realizar a exposição, no entanto, denota uma estética mais tranquila e suave. O jardim de casa, no qual Sérgio Luiz passa horas bastante terapêuticas investindo em jardinagem, vai se transformar numa galeria improvisada. A partir da inserção das 16 obras de Expande Feito Líquido no jardim de casa, o artista gravará um vídeo no qual explora detalhes de cada uma das peças. Este vídeo entrará no ar (pelo Instagram e YouTube) às 16h30min de sábado. Depois disso, ele abrirá uma live para ter contato com os espectadores e conversar um pouco sobre o processo de criação dos trabalhos.
Sérgio Luiz não criou muitas expectativas de como suas obras impactarão o público neste momento. Ele conta que a primeira mostra individual carrega um peso muito mais pessoal, uma trégua muito bem-vinda ao fazer artístico.
— Acho que tem uma função mais de eu me reconhecer como artista e de não deixar mais a arte de lado. De me afirmar e de entender o poder e a importância que a arte tem para mim — aponta.
Programe-se
:: O quê: exposição virtual Expande Feito Líquido, do artista Sérgio Luiz Maciel Filho.
:: Quando: neste sábado (23), a partir das 16h30min.
:: Onde: no perfil de Instagram @diaboralado e no YouTube do artista (procure por Sérgio Luiz Maciel Filho).
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