Desconfortáveis. Assim estão três lideranças do MDB com o apoio do diretório estadual e do candidato à reeleição ao Governo do Estado, José Ivo Sartori, à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República. O ex-senador Pedro Simon, o ex-governador e ex-candidato a vice-presidente Germano Rigotto e a ex-presidente do diretório caxiense, Joanira Kayser, comentaram a decisão partidária, mas preferiram evitar o descontentamento publicamente.
O Pioneiro questionou os três se o apoio a Bolsonaro era compatível com a trajetória democrática do MDB. O candidato do PSL já defendeu a ditadura militar e tem como ídolo o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos comandantes da tortura durante o regime militar no país.
Dois quadros históricos do MDB gaúcho se manifestaram contrários à decisão da sigla. João Carlos Brum Torres anunciou na terça-feira, dia 16, a sua desfiliação. Doutor em Ciência Política, Brum Torres foi coordenador do plano de governo de José Ivo Sartori na eleição de 2014 e ex-secretário do Planejamento nos governos de Antônio Britto e de Rigotto. Outra figura histórica e um dos fundadores do partido no Rio Grande do Sul, João Carlos Bona Garcia também manifestou descontentamento a decisão.
Joanira ficou irritada com o questionamento e negou que a decisão do MDB não seja democrática.
– Quem disse que (a decisão) não é democrática? Não estamos dizendo que não somos democráticos. Estamos defendendo a democracia. O Bolsonaro não está dizendo que não é democrático. Quem está dizendo que ele não é democrático é a outra parte (oposição) – opinou.
Rigotto preferiu não opinar sobre a pergunta. Ele ressaltou que não participou da decisão de apoio a Bolsonaro e criticou a falta de fidelidade partidária de candidatos da sigla que distribuíram as “colinhas” com o espaço para presidente em branco ou com o número 17, de Bolsonaro, no primeiro turno.
– Não cabe a mim discutir isso (apoio a Bolsonaro). Aqui no Rio Grande do Sul houve apoio ao Bolsonaro. Por oportunismo eleitoral, abandonaram a candidatura própria, que teve aprovação de 85% na convenção. Isso aconteceu com outros partidos e mostra a falência do sistema partidário.
Simon também se esquivou de responder ao questionamento do Pioneiro, mas lembrou que o MDB tem uma história “dramática” de luta pela democracia. Segundo ele, é preciso saber o que fazer para manter a democracia e a liberdade.
– Essa é uma resposta dramática. Pessoas de todos os partidos e de todas as igrejas estão com essa dúvida em quem votar. A gente tem medo de votar de um lado e votar do outro – disse o ex-senador.
O QUE ELES DISSERAM
"Dúvida tremenda"
"O que a gente sente é que a vitória do PT é o fim da impunidade. É o fim da operação Lava-Jato. Por outro lado, não temos confiança no tal do Bolsonaro. É um homem (Bolsonaro) com muitas interrogações. É o homem que tem como livro de cabeceira, o livro do coronel (Carlos Alberto Brilhante Ustra) marcado como torturador. A gente se encontra nessa dúvida tremenda." Pedro Simon, ex-senador
"Acompanhar o povo"
"O povo não quer mais (o PT), temos que acompanhar o povo. A gente muda agora e se der certo muito bem, muito obrigado. Se não der certo, a gente tem que mudar de novo. Ficamos demais sem mudar." Joanira Kayser, ex-presidente do diretório caxiense
"Não participei da decisão"
"Não estou participando desta definição de segundo turno. O partido tomou a decisão de apoiar o Bolsonaro, eu não participei dessa decisão. Eu respeito, mas não tenho o que fazer. A minha posição e do candidato a presidente (Henrique Meirelles) é ficar afastado das duas propostas que foram para o segundo turno. Estou fora do processo eleitoral no segundo turno." Germano Rigotto, ex-governador e ex-candidato a vice-presidente