A Polícia Civil de Caxias do Sul conseguiu identificar e responsabilizar o autor de uma série de crimes banais e que envolvem pouca violência, mas causam muitos transtornos às vítimas. Bruno Schmidt dos Reis, 23 anos, foi indiciado por quatro furtos em veículo no estacionamento do shopping San Pelegrino e outro próximo a uma academia da Rua Andrade Neves.
Um dos arrombamentos cometidos por Reis ganhou repercussão após as vítimas, que eram turistas, publicarem um vídeo nas redes sociais reclamando da insegurança na cidade. O caso ocorreu na final da tarde do dia 27 de janeiro, dentro do centro comercial do bairro São Pelegrino, quando o casal de namorados Alessandra Ruhrviem e Tito Kern encontraram o seu Palio com uma das portas abertas. O arrombador levou o rádio automotivo, duas camisas compradas horas antes e um óculos de sol. Era a primeira vez que o casal, que é morador de São Leopoldo, visitava Caxias do Sul.
O caso foi registrado na Polícia Civil e a investigação coube ao 1º Distrito Policial (1º DP). Os investigadores conseguiram relacionar o crime com outros quatro furtos em veículos ocorridos entre dezembro de 2017 e fevereiro deste ano. Reis, que aparece em imagens das câmeras de monitoramento, atuava com um comparsa — ainda não identificado — e utilizou um carro branco, que não é de sua propriedade, em todos os crimes.
Os inquéritos sobre arrombamentos em veículos foram remetidos na semana passada e Reis, que optou por se manifestar somente em juízo, foi indiciado por cinco furtos qualificados. Durante as diligências, não foi possível esclarecer como o investigado abria os automóveis. A hipótese dos investigadores era que Reis utilizada uma chave micha — uma chave padrão que abre fechaduras simples por meio de batidas.
Policial fez flagrante durante a folga
A investigação ficou marcada por um fato inusitado. Durante a sua folga no dia 24 de fevereiro, um dos policiais que trabalhava para esclarecer o caso de furto no shopping realizava compras em um supermercado e reconheceu o Reis entrando no estabelecimento com uma mochila vazia. Como o investigado já respondia por um furto de mercadorias de um hipermercado, ocorrido em maio do ano passado, o investigador desconfiou e pediu apoio para a Brigada Militar (BM). Reis foi preso em flagrante quando tentava deixar o mercado com diversos produtos escondidos em sua mochila.
Reis foi liberado no mesmo dia da prisão em flagrante e responde aos processos em liberdade. O 1º DP também não solicitou a prisão preventiva por se tratar um crime de furto que tem pena baixa — de um a quatro anos de reclusão.
— Normalmente, não cabe (a prisão) pela pena ser menor que quatro anos. Assim, se o réu não irá ficar preso depois da condenação (quando não é reincidente, o sentenciado pode cumprir a pena em regime aberto), os juízes entendem que ele não deve ficar preso durante o processo. Por isso, não se justifica essa prisão (cautelar). Infelizmente, é assim. Acredito que a pena deveria ser maior, pois não está suficiente para inibir os crimes. Há vários que cometem essa sequência de furtos, seja em veículo, de celulares, etc — afirma o delegado Vitor Carnaúba.
Em sua ficha criminal, além de furtos, Reis possui diversos antecedentes por roubo a pedestre com lesões. A reportagem não conseguiu localizar o defensor do indiciado.