A venda de celulares iPhone com preços bem abaixo do mercado atraiu centenas de consumidores em Caxias do Sul e até de fora da cidade. Com grande número de aparelhos vendidos e atraso nas entregas, agora a loja está sendo alvo de reclamações de dezenas de clientes que estão revoltados com a demora e falta de retorno sobre a compra. Detalhe: todos pagaram os iPhones de forma antecipada. O Procon, a Polícia Civil e o Ministério Público (MP) investigam o caso.
A loja alvo de reclamações é a ZM Celulares, que atende no centro da cidade e funciona há pouco mais de um ano. Seriam pouco mais de 300 celulares não entregues. O acordo entre consumidor e loja só era firmado após pagamento à vista antecipado, segundo os anúncios vinculados na internet. As redes sociais, inclusive, foram o maior canal de vendas e divulgação do comércio. O valor dos smartphones chegava a custar menos que a metade do preço: dos R$ 7.999 cobrados em revendedoras oficiais da Apple pelo iPhone X, por exemplo, era possível adquirir o mesmo modelo na ZM por R$ 3, 5 mil.
Os aparelhos não entregues pertenciam a um lote que, segundo a empresa, foi roubado em um depósito de Porto Alegre em dezembro do ano passado. Outras remessas de iPhones encomendadas depois, segundo a loja, também têm atrasado. A situação de cerca de 200 clientes já teria sido resolvida, segundo a proprietária da loja. Quem não recebeu o aparelho, teve o gasto ressarcido.
No entanto, a falta de dinheiro em caixa para devolver às pessoas que compraram cerca de 90 aparelhos e a falta de previsão da entrega das encomendas têm movimentado os corredores da loja. Diariamente, dezenas de clientes se prostram na frente do comércio pedindo satisfações.
— O que mais nos irrita é que o pessoal da loja não explicava os motivos. Quando chegava o novo prazo, só avisavam que precisaríamos aguardar mais. E não respondem a e-mails, mensagens, ligações — afirma uma das consumidoras prejudicadas, Sabrina Thomazoni, que aguarda audiência judicial agendada para o fim de março.
Vizinhos da sala comercial relatam que são muitas pessoas que entram e saem da loja semanalmente. Os clientes chegam a ir mais de uma vez por semana para questionar a demora na entrega do aparelho ou então cobrar a próxima data de entrega. Contudo, os consumidores deixam o local revoltados.
Na tarde da última quinta-feira, a Brigada Militar também foi chamada para tentar acalmar os ânimos entre clientes e representantes da loja. Na sequência, ao menos 10 consumidores foram até o plantão da Delegacia de Polícia registrar ocorrência.
— Nesta semana, eu já vim aqui pelo menos três vezes. E nunca cumprem com os prazos — relata outra cliente, Eduarda Vargas.
A Polícia Civil vai investigar também a origem dos aparelhos. Caso seja comprovado, no decorrer das investigações, que os celulares são originários de um crime, como roubo ou furto, por exemplo, as pessoas que adquiriram os equipamentos por preço bem abaixo ao praticado pelo mercado podem responder por receptação.