A Polícia Civil de Caxias do Sul responsabilizou uma mulher por dirigir sem habilitação e usar um carro sem freios que causou o atropelamento de um homem. Cristiane Aparecida Moraes Martins, 40 anos, a Cristianinha, atingiu Ederson Fernando da Silva, 21, no bairro Madureira em 15 de janeiro. Ela foi indiciada por tentativa de homicídio por dolo eventual qualificado por recurso causador de perigo comum.
Dolo eventual é quando não há a intenção de matar, mas a pessoa assume o risco — no caso, dirigir sem habilitação e um carro sem condições. No caso em questão, a Delegacia de Homicídios localizou o mecânico, que havia sido contratado pela mulher e estava responsável pelo conserto dos freios do Stilo envolvido na ocorrência.
— Ficou comprovado que o veículo não tinha as mínimas condições de trafegar. O próprio mecânico que estava cuidando do conserto dos freios já havia alertado ela (Cristiane). Foi um grau de negligência tão grande (quanto aos riscos de conduzir o Stilo) que ficou qualificado o dolo eventual — explica o delegado Rodrigo Kegler Duarte.
O caso ocorreu quando Cristiane visitou um advogado. Silva trabalhava para a mulher como auxiliar de serviços domésticos e ajudava a cuidar da filha de 11 anos de Cristiane. A menina estava no banco de trás do Stilo junto com Silva. Após falar com o advogado, a indiciada perdeu o controle do Stilo.
— Na hora de voltar, ela ligou o carro e o veículo começou a andar para trás. A investigada tentou frear, não conseguiu (devido a falha mecânica já alertada). Neste momento, ela (Cristiane) acredita que a vítima (Silva) se assustou com o movimento do carro e tentou sair — descreve o delegado Duarte.
A Polícia Civil teve acesso a imagens de uma câmera de monitoramento que flagrou o atropelamento. Em depoimento, Cristiane afirmou que, após atingir , ficou desesperada e fugiu seguindo uma orientação do seu advogado. O caso foi descoberto quando a Brigada Militar (BM) foi acionada no Hospital Pompéia e encontrou Silva bastante lesionado e com traumatismo craniano. Inicialmente, a ocorrência foi registrada como homicídio doloso, pois só posteriormente foi descoberto se tratar de um atropelamento. Por esse motivo, a investigação transcorreu pela Delegacia de Homicídios — e não pela de Delegacia de Trânsito.
Por este caso, Cristiane também foi indiciada por fraude processual, pois realizou o conserto da lataria do Stilo como forma de dificultar a investigação. O inquérito policial foi remetido ontem ao Judiciário. Devido às sequelas do acidente, Silva não teve condições de prestar depoimento. O Stilo segue apreendido para realização de perícia mecânica.
Conhecida das forças policiais
Cristiane é conhecida das forças policiais por ser suspeita de tráfico de drogas no bairro Euzébio Beltrão de Queiróz e estava em liberdade condicional no dia do atropelamento. Apesar de possuir uma extensa ficha policial e já ter sido citada em investigações sobre crimes de tráfico e homicídios, Cristianinha possui apenas uma condenação: de 12 anos e quatro meses de reclusão por um roubo a residência em Bento Gonçalves em 19 de maio de 2008.
Hoje, ela está recolhida no Presídio Regional de Caxias do Sul em razão da prisão temporária pela tentativa de homicídio, no caso, pelo atropelamento de Silva.