A Câmara de Vereadores de São Marcos propõe um debate regional sobre o aumento dos assaltos ao transporte intermunicipal. Além da Expresso São Marcos, os assaltos se repetem nos roteiros para Flores da Cunha, atendido pela Expresso Caxiense, e para Farroupilha, pela Ozelame Transportes. Pelo menos 25 assaltos já foram registrados neste ano, sendo que 10 casos ocorreram nas últimas quatro semanas. Os relatos apontam um modo de operação semelhante em todos os crimes.
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Os crimes acontecem sempre na saída de Caxias do Sul, quando todos já embarcaram e o ônibus chega a locais mais ermos. Disfarçados de passageiros, dois ou três ladrões sacam as armas e anunciam o assalto. Um deles rende o motorista, que é orientado a ir devagar até uma determinada parada, enquanto os comparsas roubam o cobrador e fazem o arrastão entre os passageiros. Ao desembarcar, os bandidos costumam correr em direção a algum matagal — mas há relatos de crimes em que um carro esperava para auxiliar na fuga.
— Quando começam estes assaltos, normalmente, são vários em sequência durante uns três meses. Pelos relatos, parecem sempre os mesmos (autores). Depois, não acontecem roubos por um longo período — relata Valdecir Del Pizzol, encarregado do tráfego da Ozelame Transportes.
Os roubos acontecem em qualquer horário, mesmo à luz do dia, o que assusta ainda mais os passageiros. Diretor da Expresso São Marcos e presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Rodoviário Intermunicipal (Sindetri), Eduardo Michelin aponta que o modo de ação dos assaltantes é sempre o mesmo, incluindo as paradas em que costumam desembarcar para fugir.
— A população está apreensiva e assustada, como nós também estamos. No final do ano passado, a polícia interveio e deu uma amenizada. Só que voltou com mais intensidade neste segundo semestre. Estamos trabalhando e procurando uma solução junto ao órgãos competentes.
O diretor da Expresso Caxiense, Nelson Antônio Ribeiro, ressalta que os assaltos são uma preocupação constante e que as imagens captadas pelas câmeras de segurança dos ônibus já foram repassadas para a polícia. Os funcionários são orientados a não reagir.
Metroplan está à disposição, mas tem poucos dados
Em busca de apoio junto ao governo do Estado, as empresas do transporte coletivo intermunicipal procuraram a Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan). O chefe de departamento de Gestão de Transporte Metropolitano, Danilo Lando, afirma que os assaltos são monitorados, mas os números não seriam expressivos.
— Preparamos um indicador porque na Região Metropolitana a questão está violenta. Foram mais de 700 assaltos neste ano, que resultaram inclusive em paralisações do serviço. Mas, na Serra, os dados que temos são baixos. No total, sabemos de 12 crimes no ano — aponta.
Lando ressalta que os dados são repassados pelas próprias empresas e que, provavelmente, haverá um acréscimo quando forem enviados os dados de novembro. Caso necessário, Lando garante que a Metroplan está disponível para unir os envolvidos e liderar um movimento junto ao governo do Estado.
— Em Porto Alegre, montamos um grupo com representação de todos e levamos a problemática à SSP (Secretaria Estadual de Segurança Pública). A violência está generalizada, mas o assalto de ônibus é um problema que ataca os trabalhadores de baixa renda. Os bandidos querem os celulares e bens dos passageiros, não o dinheiro dos ônibus.
Lando relata que, na Capital, houve uma resposta policial e, consequentemente, uma queda acentuada nos crimes. A expectativa é que, com a mobilização de todos, o mesmo resultado possa ser obtido na Serra.