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Como se estivesse antecipando créditos da primavera, que só começa em 22 de setembro, a natureza já está embelezando ruas e casas de Caxias do Sul com muitas flores e traz a reboque uma certa apreensão entre os agricultores. Além da floração antecipada, comum no início de outubro, árvores frutíferas e videiras evidenciam o ciclo da brotação. O fenômeno obviamente é reflexo do forte calor em pleno inverno - na terça à tarde, os termômetros beiravam a 30ºC. É por isso que muita gente já notou o colorido de ipês, das azaléias e das flores em pessegueiros, por exemplo.
– As plantas estão aclimatadas para uma condição mais fria, que geralmente se estende até o final de setembro e início de outubro. Neste ano, como não há todo aquele frio contínuo, vem ocorrendo a aceleração da brotação e da floração, o que só acontece com picos altos de temperatura e com mais luz. As plantas já se sentem como se estivessem na primavera – explica o curador do Herbário da Universidade de Caxias do Sul (UCS), o biólogo Felipe Gonzatti.
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Como o calor frequente altera o ciclo da planta, surgem as safras mais precoces. É isso que transforma o inverno, que deveria reinar absoluto neste período, numa espécie de vilão.
– Notamos que essa aceleração tem se mostrado mais visível nos últimos 15 dias. Se houver o retorno do frio e da geada, acaba prejudicando, queimando os brotos – complementa Gonzatti.
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A temida friagem, acompanhada de chuva, pode retornar nesta semana. Segundo o meteorologista Celso Oliveira, da Somar, as mínimas e máximas devem reduzir a partir de amanhã, podendo despencar para 8°C ou 9°C.
– Nada impede que setembro registre quedas a ponto de termos geada. São previstas reduções significativas de temperatura para o próximo mês. Essas bolhas de ar frio, seja de um dia, são capazes de ocasionar a perda de produções. Mas tudo isso é um cenário incerto que iremos monitorar – alerta Oliveira.
O agrônomo Ênio Todeschini, da Emater Serra, diz que os riscos tendem a ser menores neste ano na agricultura:
– Em comparação com 2015, que foi o ano atípico, só tivemos tivemos a repetição de um de três fatores: o pouco frio em junho e julho. O agosto foi muito quente naquele ano, mas agora esse calor ocorreu recentemente. Por outro lado, a onda de frio forte que quase sempre ocorre em setembro ainda é incerta – pondera Todeschini.
Setembro chuvoso
Agosto foi mais quente e seco do que o normal, pois as frentes frias que deveriam chegar no Sul do país permaneceram na Argentina e no Uruguai devido a bloqueios atmosféricos. Conforme a Somar Meteorologia, como a onda de frio não avançou e predominou um clima de ar tropical.
– Por outro lado, têm se tornado recorrentes essas características atípicas para o mês. O último frio de verdade registrado na região (na Serra) foi em 2013. De lá para cá, diferentes fenômenos têm trazido ondas de calor – detalha Celso Oliveira.
Para setembro, conforme Oliveira, também devem ocorrer chuva frequente e tempestades, mas de forma mais espaçada do que o normal:
– Isso é um bom sinal para a agricultura e também um alerta para a Defesa Civil, uma vez que sequências de chuva costumam causar alagamentos pelo Rio Grande do Sul.