Após o alerta de um empresário, que afixou uma placa reforçando a insegurança nas proximidades do Hospital Geral, em Caxias do Sul, a reportagem foi até o local para verificar a vulnerabilidade em que estudantes, funcionários, pacientes e moradores estariam expostos. Em comum, os entrevistados relatam medo e também alertam: as ruas no entorno da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e do presídio estão cada vez mais inseguras.
Leia mais
Empresário instala placa para avisar sobre a insegurança que ronda a UCS
Bombeiros de Porto Alegre encontram corpo em porta-malas de carro com placas de Bento Gonçalves
Comunidade ajuda a reformar batalhão da Brigada Militar de Nova Petrópolis
– As pessoas andam assustadas. Não é exagero, não. Você corre perigo independentemente se andar a pé ou de carro. Alguém precisa reforçar o policiamento, seja o privado da UCS ou o da própria polícia. Eles (os criminosos) estão tomando conta – relata a dona de uma lancheria instalada dentro da UCS e que pede para não ser identificada.
Conforme estudantes e funcionários contatados pelo Pioneiro, dois pontos próximos ao hospital têm sofrido com os frequentes delitos desde outubro do ano passado. Um dos locais é a Rua Gilda Marcon Grazziotin Nora, via de grande fluxo por ser a porta de entrada à universidade, a partir da BR-116. Foi neste trecho, localizado entre o CTG Rincão da Lealdade e um pavilhão desocupado, que foi instalada a placa de alerta. Apesar do aviso sobre os riscos de arrombamentos, muitos carros estavam estacionados na via. Não há números sobre roubos e furtos naquela área.
A estudante Fernanda Dugatto, 30, questiona a forma em que os seguranças privados atuam dentro da universidade.
– Os guardas da UCS nos falam que não possuem autonomia para fazer nada em nossa defesa. Há anos enfrentamos esse problema e a única coisa feita foi a instalação de câmeras no vestiário dos alunos e funcionários do HG, para coibir furtos internos. Fizemos até um abaixo-assinado – afirma a jovem.
Um senhor que há 65 anos mora na Rua João Sabedotti, também próximo ao hospital, afirma estar cansado de ser vítima de assaltantes e também da insegurança histórica da região. Ele, que pede anonimato por medo, também cita o Presídio Regional, antiga Penitenciária Industrial, como o principal problema.
– Caxias cresceu muito. Como é que deixam um presídio em uma área onde tem tanta gente circulando. Aqui tem hospital, universidade, várias empresas. Tem que tirar esse presídio daqui. Já perdi as contas de quantas vezes fui assaltado por bandidos do semiaberto – lamenta o morador.
Sem reforço previsto
Questionada sobre a possibilidade de reforçar a segurança no campus, a UCS preferiu na se manifestar. O capitão Diego Soccol, comandante da 1ª Companhia do 12º Batalhão de Polícia Militar (12ºBPM), é o responsável pelo policiamento nos arredores da UCS, inclusive em vias localizadas dentro do campus. Porém, ele frisa que somente a BM não é capaz de conter a ação de criminosos.
– A universidade fica em vias abertas, públicas. Por isso, a segurança é com a Brigada Militar. Mas, quando a insegurança afeta diretamente frequentadores do local, como estudantes e funcionários, nada impede que a própria UCS reforce a segurança – diz Soccol.
Segundo o capitão, existe uma base de policiamento comunitário no bairro Petrópolis e que atua nas redondezas da universidade. Mensalmente, é feita uma análise dos casos, em busca de informações que possam nos auxiliar na prevenção dos crimes.
– A época em que temos mais relatos de assaltos é no período de aulas. Mas, independente disso, estamos sempre monitorando e atentos, mesmo com o pouco efetivo – explica ele.
Por enquanto, a Brigada Militar não planeja nenhuma alteração no policiamento no entorno e nas ruas internas da UCS.