Foi a total falta de perspectivas de uma vida digna na localidade de Mirebalais, a meia hora da capital Porto Príncipe, que fez Monette Esperance, 28 anos, abandonar o Haiti e deixar lá os filhos Djodly, nove, Adjy, oito, e Betchnaille, seis, aos cuidados da avó. Era 2013, ano em que Monette decidiu repetir a trajetória feita pelo marido, Jean Bermann, em 2011, mas que foi interrompida por um câncer fulminante. Três anos e meio depois, diante da situação fragilidade cada vez maior que as crianças enfrentam no país – devastado pelo terremoto ocorrido em 2010 –, a haitiana quer trazer os filhos para Caxias do Sul, onde se estabeleceu em um pequeno apartamento no bairro Esplanada. Mas para arcar com os altos custos dos passaportes e das passagens, precisa de ajuda.
Desde o início de dezembro, um financiamento coletivo criado pelo Centro de Atendimento ao Migrante (CAM) busca recursos para viabilizar o reencontro da mãe com os três filhos. A campanha recebeu o nome "Os Filhos de Esperance". Para pagar passaportes, vistos e passagens, serão precisos R$ 20 mil, valor que a vendedora de cosméticos de porta em porta levaria décadas para juntar. Recentemente, ela conta ter sido vítima de um golpe, ao enviar cerca de R$ 2 mil para o Haiti, para bancar os passaportes dos dois meninos e da menina. E ainda precisa lidar com a inadimplência dos fregueses, que já lhe devem R$ 4 mil em cosméticos.
– Aqui a vida é mais tranquila, mesmo ganhando pouco a gente consegue se manter. A prefeitura custeia a escolinha para a minha filha. No Haiti, não há trabalho, não há nada. Minha mãe não arruma mais trabalho e meus filhos estão passando fome. Tenho a sorte do pessoal do CAM estar fazendo o que pode para me ajudar – diz Monette.
Em Caxias do Sul, a imigrante deu à luz Monalisa Esperance, a caçula, com quem vive hoje. O pai da menina mudou-se para o México. Serena no colo da mãe e bem alimentada, tanto pelo leite materno quanto pelas refeições que recebe na creche do bairro, Monalisa pode crescer com a expectativa de um futuro que ó mesmo que Monette sonha oferecer aos outros filhos. Separados há mais de três anos, o contato com as crianças é apenas pela internet, quando possível.
– Estou com muita saudade deles. A gente conversa pelo WhatsApp e a menina (Betchnaille) pergunta quando que eu vou buscá-la, que não aguenta mais ficar longe. Quando eles ficam sem créditos no celular, como estão agora, a gente fica mais de uma semana sem se falar.
Para ajudar
Email: osfilhosdeesperance@gmail.com