A agressão de uma cuidadora contra uma criança de um ano e seis meses revoltou Bento Gonçalves nesta terça-feira. Os maus tratos foram flagrados por câmeras e as imagens repassadas à Polícia Civil, que indiciará a enfermeira de 37 anos nos próximos dias.
O caso surpreendeu até o pai das crianças, um eletricista de 31 anos. Ele afirma que a mulher era considerada como parte da família e trabalhava há um ano e dois meses com as filhas gêmeas.
– Não desconfiávamos de nada e nem tínhamos motivo. Só desconfiamos na semana passada e, graças a Deus, tínhamos estas câmeras. No começo pode até parecer ruim ser "vigiado", mas (o equipamento) se provou muito útil – aponta.
Confira a entrevista completa:
Pioneiro: Quando o senhor desconfiou que algo estava errado?
Pai: Na semana passada reparamos que as nenês começaram mudar muito o comportamento. Elas choravam quando a cuidadora chegava, só queriam ficar com a gente (os pais) e não queriam comer. Não entendíamos o motivo e o tempo foi passando. Até que na sexta-feira, quando fomos almoçar, encontramos uma marca na lateral do rosto. Então resolvi olhar as filmagens e encontramos ela batendo na nenê. Imediatamente levei (as imagens) para a delegacia. No sábado procurei mais (as imagens ficam registradas por 20 dias) e vimos que ela estava judiando (das crianças) desde a terça-feira. Isto que está sendo divulgado é muito pouco. Há outras agressões, dela forçando a nenê a comer, prendendo elas e pressionando contra a mesa. Nenhuma (agressão) tinha sido muito forte, até sexta-feira.
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Vocês já tinham as câmeras?
São da época da contratação (da cuidadora). Era uma precaução. No início, verificávamos e nunca apareceu nada. Era uma pessoa carinhosa que a gente confiava 100%. Ela dava a entender que amava as crianças e, até onde sabíamos, era boa para as nenês. Considerávamos da família. Foi um choque bem grande.
Como foi a contratação?
As nossas nenês nasceram prematuras e precisaram ficar 18 dias no hospital. Ela foi indicada por uma das enfermeiras que nos atenderam na época. Foi apresentada como de responsabilidade e anos de experiência (como enfermeira no hospital). Buscamos uma pessoa da área, que já trabalhava no hospital e era especializada nas crianças. Aceitamos um custo maior por esta qualificação. Ela estava com a gente desde que as nenês tinham seis meses. Não sei o que aconteceu, se sofreu de algum distúrbio psicológico ou emocional.
Como vocês e as crianças estão?
Nós não confiamos em mais em ninguém. E as nenês menos ainda. Elas só querem o pai e a mãe. Quando saímos elas ficam chorando. Mas não temos o que fazer, afinal precisamos trabalhar. Elas estão nervosas e acordam chorando a noite. A hora de dar comida também está complicada, qualquer movimento elas já estranham.