![Brigada Militar / Divulgação Brigada Militar / Divulgação](http://zh.rbsdirect.com.br/imagesrc/19559058.jpg?w=700)
A Brigada Militar (BM) reconhece que o baixo efetivo de PMs contribui para aumentar a sensação de insegurança e dificulta o combate ao crime em Caxias do Sul, cidade que registra um furto ou assalto por hora. Diante disso, a corporação tem apelado para ações de inteligência e criatividade. Uma destas iniciativas é a Operação Comando Itinerante que, semanalmente, vai até a um bairro para conhecer as dificuldades dos moradores. Na tarde de quarta-feira passada, por exemplo, a sétima edição foi realizada no Fátima, que clama por mais segurança após a morte de uma vigilante do campus do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS).
A intenção é aproximar o comando do 12º Batalhão da Polícia Militar (12º BPM) e as lideranças comunitárias, estreitando laços e identificando problemas. Junto aos oficiais, cerca de 50 policiais militares vão até a região escolhida e realizam ações de prevenção e policiamento ostensivo.
– Sabemos que em uma tarde não iremos resolver o problema de segurança desta localidade. Mas aproveitamos para fazer esta grande operação e passar uma sensação de segurança. A intenção é retomar este contato depois de 30 ou 45 dias e ver o que melhorou – explica o major Emerson Ubirajara, subcomandante do 12º BPM.
Sete bairros já receberam a operação. A prioridade são regiões que apresentam elevados índices de criminalidade ou um aumento repentino de um determinado delito. A repercussão com os moradores é positiva e os pedidos são que a movimentação de PMs ocorra, pelo menos, uma vez por mês.
– Nós atendemos 1,9 mil ocorrências por mês com deslocamento de viatura. Nosso efetivo do dia passa todo seu tempo em ocorrência. Ficamos lisonjeados porque as pessoas querem a Brigada por perto. Mas também temos nossas dificuldades e acredito que as pessoas sabem disso. Por isso, buscamos operações inteligentes e criativas para solucionar, em parte, estas situações – aponta o major Ubirajara.
De acordo com o oficial, reclamações sobre a recorrência de roubos a pedestre e furtos em residências são uma unanimidade em qualquer região de Caxias do Sul. Muitos moradores apontam a presença de ladrões conhecidos morando em seus bairros. Neste ponto, o problema é o conhecido "prende e solta".
– Na semana passada, prendemos um rapaz com uma moto furtada. O mesmo que foi preso com um Kadett furtado na semana anterior. Ele leva veículos roubados sempre para o mesmo local. Só que (quando preso) é enquadrado por receptação e, como prevê a legislação, pode pagar fiança e ir embora. O sentimento de impunidade está muito grande. Eles estão achando que vale a pena cometer o delito, que não há riscos. Quem sofre é a sociedade – conclui o subcomandante do 12º BPM.
OPINIÕES
O que pensam líderes de bairros que já receberam o Comando Itinerante:
– Esta operação repercutiu muito bem. O nosso problema é a distância e as muitas rotas de fuga no bairro. Temos uma viatura que divide o policiamento com o Serrano. Eles até são presentes e ficam pela praça, só que por pouco tempo. Estes mal-intencionados sabem disso e esperam os policiais saírem para fazer um assalto relâmpago ou o arrombar uma casa.
Alberto Chaves, presidente da Sociedade Amigos de Ana Rech (Samar)
– O nosso contato é bom e quando solicitamos a BM sempre vem. O problema é que, sem efetivo, eles não têm como atender toda esta demanda. O que mais tem são os pequenos furtos e assaltos, que a maioria nem quer registrar. Tudo ocorre em função do consumo de drogas, inclusive nas proximidades dos colégios.
Gilberto Suzin, presidente da Associação de Moradores do bairro (Amob) Cruzeiro
– Foi muito importante. Eles patrulharam por toda a tarde e a noite teve uma reunião com a população, que sempre nos procura desesperada por segurança. Ouvimos o problema do efetivo que é o mesmo de 30 anos atrás, sendo que a população aumentou muito. Nosso bairro mesmo teve um crescimento desorientado e sofre com o desemprego e a drogadição. Nós relatamos os problemas, como dos alunos assaltados na saída das escolas. Pedimos este apoio, para tentar inibir isto que virou rotina.
Gládis Frizzo, subprefeita do Desvio Rizzo
– A comunidade gostou bastante. É um número expressivo de policiais nas ruas. O pessoal se sente seguro naquele horário. A vontade é pela continuidade. Pelo menos uma vez por mês já seria uma grande ajuda. Ficamos com aquele gostinho de quero mais.Jucemar Alves, presidente da Amob do Fátima_ Foi maravilhoso. Nos reunimos com toda aquela tropa e tivemos uma interação com os alunos da escola Abramo Randon. Depois, ficaram a tarde toda andando pelo bairro e chamou muita atenção de todos. Somos um bairro com mais de 60 estabelecimentos comerciais, o que atrai assaltantes. Mas, neste dia, quem passou encontrou todo este efetivo, então não vai voltar tão cedo.
Rogério Garcia da Silva, presidente da Amob Jardim América
– O evento foi bonito e realmente assustou os ladrões. Foi uma semana muito tranquila aquela. A BM dá bastante apoio para gente, mas estamos com muito problema de roubos no bairro. Não dá mais para deixar os carros estacionados na frente de casa. As padarias e mercados também são alvos constantes.
Cleusa Paim Cardoso, integrante da Amob São José
NÚMEROS DA OPERAÇÃO
* 1157 pessoas abordadas
* 743 veículos fiscalizados
* 58 autos de infração de trânsito
* 24 veículos recolhidos
* 3 prisões
* 5 termos circunstanciados lavrados (para crimes de menor potencial ofensivo)