
Cerca de 35% dos resíduos encaminhados para as unidades de triagem de recicláveis em Caxias do Sul acabam não sendo aproveitados e são destinados diretamente ao aterro sanitário. Esse índice, divulgado pela assessoria de imprensa da Codeca, não se refere apenas a materiais descartados de forma equivocada ou contaminados por resíduos orgânicos — embora esse também seja um fator relevante.
Mas inclui também itens que, mesmo separados corretamente, não têm viabilidade de reaproveitamento por limitações de mercado ou condições físicas. Esse cenário ajuda a contextualizar a realidade enfrentada pela Cooperativa Paz e Bem, que vê cerca de 40% do material recebido diariamente inviabilizado para reciclagem, em grande parte devido à contaminação por orgânicos descartados nos contêineres destinados exclusivamente a recicláveis.
Das cerca de 120 toneladas de resíduo seletivo, descartado todos os dias em contêineres amarelos de Caxias do Sul, 60 chegam diariamente à Cooperativa Paz e Bem, localizada no bairro Serrano. A outra metade é dividida entre as onze associações de recicladores com as quais a Codeca também mantém parceria.
Nos galpões, o resíduo passa pelas mãos de 82 associados divididos em dois turnos que separam plástico, alumínio, papel e papelão para serem embalados e vendidos em packs para a indústria.
Desenvolvida pelos próprios mecânicos da cooperativa, um equipamento cilíndrico vibra conforme o lixo passa por ele para que sejam descartados resíduos orgânicos que não serão utilizados logo à frente.

E é graças a esse equipamento que o presidente da cooperativa, Tiago Pavelski, tem visto cerca de 40% do lixo seletivo, recebido diariamente, ficar pelo caminho. No lado de fora do pavilhão, um buraco na parede por onde sai terra, galhos, papelão molhado e restos de comida formam montanhas de resíduos junto do que poderia ser aproveitado.
— O troommel (nome dado ao equipamento) tem nos salvado, sem ele teríamos muito mais trabalho lá na frente da esteira para separar aquele material que não deveria ser descartado no contêiner amarelo e sim no verde, mas é mais fácil descartar no seletivo, ele está sempre aberto — diz Pavelski.

Revirado por catadores em busca de recicláveis, os depósitos espalhados pela cidade costumam ficar abertos e causam outro problema que inviabiliza a reciclagem, segundo Pavelski:
— A chuva molha tudo, o catador abre as sacolas e revira. O lixo chega sujo e danificado, estamos devolvendo muito mais material para Codeca do que antes. São toneladas de resíduo seletivo daquele que não pode ser mais reciclado que retorna e vai para o aterro sanitário.
O que diz a Codeca
Responsável por encaminhar o material até as associações de reciclagem, a Codeca estimula a população a se engajar na separação correta dos resíduos com um setor de Educação Ambiental.
Nos últimos três anos, de acordo com a companhia, mais de 11 mil pessoas participaram de ações em escolas. No roteiro Caminho dos Resíduos, grupos de até 30 pessoas são recebidos na Codeca e visitam a Estação de Transbordo e uma das Associações de Recicladores.
O agendamento de palestras, visitas e roteiros deve ser feito pelo WhatsApp 98401.3499.