
Iniciativa anual promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Campanha da Fraternidade de 2025 foi lançada na manhã desta quarta-feira (5) em Caxias do Sul. Neste ano, a 61ª edição da campanha terá como tema Fraternidade e Ecologia Integral, conceito que faz parte de documento do Papa Francisco, elaborado em 2015, que fala da responsabilidade dos cristãos na defesa da vida e do meio ambiente. Já o lema foi retirado do livro de Gênesis capítulo 1 versículo 31, Deus viu que tudo era muito bom.
O lançamento ocorreu na Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário de Pompéia, no bairro Galópolis. O local foi escolhido de forma simbólica, já que a região foi uma das mais atingidas pelos deslizamentos de terra causados pelos eventos climáticos do ano passado em Caxias do Sul.
A ecologia é a questão mais tratada pelas Campanhas da Fraternidade desde 1964. Em 61 anos de existência, será a nona vez – a primeira foi em 1979 (as outras edições foram em 1986, 2002, 2004, 2007, 2011, 2016 e 2017). A campanha de 2025 é motivada pelos 10 anos de publicação da Carta Encíclica Laudato Si (Sobre o cuidado da Casa Comum), pela mais recente carta Laudate Deum (Sobre a crise climática), escritas pelo Papa Francisco, e pelos 800 anos do Cântico das Criaturas, canção religiosa composta por São Francisco de Assis.
Durante a cerimônia de abertura, o bispo diocesano de Caxias do Sul, Dom José Gislon, destacou a importância da campanha para a conscientização da população.
— É um olhar pela defesa da vida, do meio ambiente, da terra. É um cuidado da casa comum. Que esse espírito da quaresma nos envolva para esse cuidado. Que possamos cuidar da ecologia e ter esse espírito de cuidado, principalmente olhando para as próximas gerações. Em Galópolis, há muitas cicatrizes. A campanha é a nível nacional, mas para nós tem um significado diferente, diante da realidade que nos tocou, por tudo que vivenciamos no ano passado — disse o bispo diocesano.
O padre Leonardo Pereira, vigário geral da Diocese de Caxias do Sul, apresentou o edital para o cadastro de projetos para receberem recursos da Coleta da Solidariedade realizada no Domingo de Ramos.
— Estamos num trabalho de conscientização das comunidades para esse cuidado da casa comum. Não podemos, como Igreja, ficar inertes diante do cenário em que vivemos. Queremos fortificar o cultivo da espiritualidade e crescer na interioridade, no cuidado da fé, na busca pela reconciliação através da confissão.
Segundo o padre Leonardo, a Diocese também buscará mobilizar a comunidade de Caxias do Sul a ter cuidado com o lixo. Uma programação para recolhimento está sendo planejada pela igreja.
"Foi um cenário de guerra o que vivemos"
A cerimônia de lançamento nesta quarta-feira também contou com depoimentos de moradores de Galópolis que sofreram com os deslizamentos do ano passado. A aposentada Vania Menegol, 56 anos, destacou a importância da solidariedade e do apoio das comunidades vizinhas durante os momentos mais críticos. Os pais dela, de 79 e 83 anos, tiveram que sair de casa porque a rua em que moravam havia sido interditada.
— Foi um cenário de guerra o que vivemos no ano passado. Depois, a ajuda começou a aparecer, com doação de alimentos, materiais de limpeza. Vinha ajuda de todas as formas. Foi um período onde as pessoas se dispuseram a ajudar com muito carinho e fé. Galópolis só tem a agradecer. A cada dia, esse bairro está superando o que passou.

O padre Rafael Giovanaz, pároco da Igreja de Galópolis, lembrou dos momentos que a comunidade vivenciou desde o dia 3 de maio de 2024:
— Naquele dia, o Rio Pinhal transbordou. Praticamente todas as casas à beira do rio foram afetadas. Aqui na comunidade, oito pessoas perderam a vida. Nós fomos trabalhando e ajudando as pessoas nesse tempo. Abrimos o espaço da igreja para fazermos esse trabalho. Esse ano esperamos que seja o da esperança.