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A segunda-feira (10) marca o início da volta às aulas em Caxias do Sul. Cerca de 22,3 mil estudantes da rede estadual e uma parte dos 11 mil alunos da rede privada retomam os estudos. Já os cerca de 42 mil alunos da pré-escola e Ensino Fundamental da rede municipal retornam no dia 19 de fevereiro. No início do ano letivo, algumas escolas do Estado enfrentam problemas que transformaram-se rotineiros nos últimos anos, como a falta de professores e funcionários, além de alguma demanda para a infraestrutura.
Pelo menos 11 escolas iniciam o ano letivo faltando pelo menos um professor ou funcionário. São 56 escolas estaduais no município e a maioria não atendeu ao contato da reportagem.
Um dos casos em que o quadro está incompleto é o do Colégio Imigrante. Segundo a diretora Simone Comerlato, o quadro da escola está sem seis professores. O colégio também aguarda a contratação de merendeiras, que, como destaca Simone, é a situação mais urgente. A escola, que tem 1,3 mil alunos matriculados, inicia o ano letivo sem funcionários para essa área. São necessários seis profissionais para a demanda do Imigrante. Enquanto as profissionais não são encaminhadas pelo Estado, o corpo diretivo se encarrega da função.
— Nós vamos iniciar o ano letivo sem merendeiras. Nenhuma. Sendo que a escola serve mil refeições diárias. Mas, colocamos a necessidade e estamos aguardando que logo seja sanada — conta a diretora.
Há situações em que a falta de um profissional é até de mais tempo. Na Escola Comendador Kalil Sehbe, a direção relata que a instituição está sem funcionário de limpeza desde 2023. Já entre os professores, faltavam de língua portuguesa e língua inglesa.
A falta de profissionais de limpeza também é conferida na Irmão José Otão. O colégio precisa de mais duas pessoas para a área e mais uma para cozinha. Conforme o diretor Osvair Morgan, também há a falta de um vice-diretor.
Escolas em obras
Outro cenário que também tem se repetido são as escolas com algum tipo de obra ou pedido de melhoria na infraestrutura. No Imigrante, por exemplo, tem uma demanda na parte elétrica, que está com a Secretaria Estadual de Obras. Segundo o Mapa Escolar da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), são duas escolas atualmente em obras – a Escola Alexandre Zattera e o Cristóvão de Mendoza.
É uma redução em relação ao ano passado, quando quatro escolas estavam em obras quando as aulas foram retomadas. Das instituições, o Cristóvão é a única que segue com os trabalhos, uma vez que passa por melhorias estruturais mais complexas. Até por conta das obras, as aulas no Cristóvão voltam na terça-feira (11). Também há escolas com reformas previstas, como na José Otão, que terá trabalhos no prédio das salas.
Ao mesmo tempo, segundo o diretor, existe uma reivindicação de anos para estruturação da quadra de esportes do colégio. Ela tem apenas a cobertura, o que impede o uso nos dias de chuva e frio.
As obras, contudo, não devem trazer mais impactos às aulas. Na Alexandre Zattera, por exemplo, a diretora Maria Elisa Chagas lembra que os trabalhos não impedem o acesso às salas ou à estrutura da escola.
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Crescimento da população escolar em alguns bairros
Em relação às vagas solicitadas, a 4ª Coordenadoria Regional de Educação (4ª CRE) afirma que todos os estudantes que solicitaram matrículas foram devidamente encaminhados para as escolas dentro do zoneamento previsto. A coordenadoria chama atenção que em Caxias, a demanda do Ensino Fundamental "superou as expectativas".
"Observamos um crescimento expressivo da população escolar, especialmente nos bairros Desvio Rizzo, Esplanada, Serrano e Ana Rech, que recebem um grande número de novas famílias vindas de outras regiões. A 4ª CRE busca soluções que atendam a essa demanda crescente, para garantir o direito à educação para todos os alunos", afirmou a coordenadoria, em nota.
Saúde e remuneração
Uma avaliação feita é que a dificuldade em completar o quadro de professores na rede do Estado está nos salários oferecidos. David Orsi Carnizella, diretor-geral do 1º Núcleo do Cpers, entidade que representa os profissionais da rede estadual de educação, analisa que a remuneração é um dos principais fatores para a falta de professores. Atualmente, Carnizella nota uma dificuldade em atender à demanda de matérias como línguas (inglês e espanhol), matemática e química. Geralmente, os educadores vão para redes que paguem mais.
— Um dos principais motivos é o salário. Se paga pouco para as pessoas que trabalham nas escolas, professores e funcionários. Tu está dando aula na carreira, faz uma faculdade, está em uma universidade. Então, tem um gasto grande para se formar e não vê isso voltando. Nós somos um ser humano, buscamos salário maior na carreira — destaca.
O representante do Cpers também chama atenção para a saúde dos professores. É uma situação que também pode estar gerando afastamentos e, consequentemente, impactando nos quadros das escolas.
— É muita pressão sobre as pessoas. A escola não vai bem, é culpa do professor. O aluno não vai bem, a culpa é do professor. Dentro da sociedade acontece algo trágico, o que a escola está fazendo para resolver esse problema? As pessoas acabam internalizando isso, levando isso para si e gera o adoecimento — comenta.
Profissionais em fase de contratação, diz 4ª CRE
Em nota, a 4ª CRE afirma que o processo de contratação de professores está em andamento. Confira:
"O processo de contratação de professores está em andamento. O Departamento de Recursos Humanos (DRH) segue trabalhando para preencher as vagas possíveis, garantindo que o ensino não seja prejudicado.
Atualmente, muitos profissionais encontram-se em fase de contratação, e, por essa razão, ainda não é possível precisar de números exatos. Reforçamos nosso compromisso com a qualidade da educação e seguimos empenhados para que o quadro docente esteja completo o mais breve possível".
Primeiro ano com uniformes do Estado
O ano letivo de 2025 também traz uma novidade importante para a educação do Estado. Será o primeiro ano com a distribuição dos uniformes escolares pelo governo. Segundo a 4ª CRE, a entrega dos kits ocorrerá diretamente nas escolas e não terá qualquer custo para as famílias. Na área da coordenadoria, em que está Caxias do Sul, 35 mil uniformes serão distribuídos.
Além dos uniformes, o órgão anunciou investimento em tecnologia para as 117 escolas das 14 cidades da Serra que estão na 4ª CRE. Serão distribuídos 3.510 Chromebooks, com valor total de R$ 5 milhões, 201 computadores, somando um investimento de cerca de R$ 800 mil, e 41 televisores de 65 polegadas para suporte às atividades educacionais.
Rede municipal volta dia 19
Na rede municipal, estudantes da pré-escola e do Ensino Fundamental retornam em 19 de fevereiro. A estimativa é de cerca de 42 mil alunos. Na última quarta-feira (5), a secretária municipal da Educação (Smed), Marta Fattori, esteve na Câmara de Vereadores para apresentar o plano de metas da educação pública para o ano letivo, e mostrou os números da rede do município. Segundo Marta, atualmente são 82 escolas municipais de Ensino Fundamental (68 delas com turmas de pré-escola) e 50 unidades de Educação Infantil conveniadas, com 5,3 mil alunos. Nas unidades de Educação Infantil, as aulas já recomeçaram. A rede, assim, atende a cerca de 47 mil alunos.
Volta às aulas na rede privada
Conforme o Sindicato do Ensino Privado (Sinepe), das 13 escolas ligadas à entidade, sete retornam às aulas nesta segunda. Enquanto isso, as outras voltam entre os dias 12 e 17 de fevereiro. O sindicato tem uma estimativa de cerca de 11 mil estudantes, com base nas matrículas de 2024. As deste ano ainda estão ocorrendo e os dados podem ser enviados até 31 de março. Confira abaixo a lista das escolas e o retorno das aulas:
Volta em 10 de fevereiro
- Colégio São José
- Colégio São José do Capivari
- Colégio La Salle Carmo
- Colégio La Salle Caxias
- Escola Adventista
- Colégio São Carlos
- Colégio Caminhos do Saber
12 de fevereiro
- Colégio São João Batista
13 de fevereiro
- Colégio Madre Imilda
17 de fevereiro
- Colégio Murialdo
- Colégio Murialdo Ana Rech
- Escola Santa Maria Goretti
- Escola Raio de Luz
*Colaboraram Alana Fernandes e Tamires Piccoli