O próximo dia 11 de abril deverá marcar a reabertura, após cinco anos, da Capela do Santo Sepulcro, em Caxias do Sul. O templo está em fase final de obras, iniciadas em março do ano passado e que incluem restauro geral da estrutura e de obras, além da inauguração de novos espaços.
As melhorias, orçadas em R$ 1.999.926,60, são coordenadas pela Associação dos Amigos do Museu Dom José Barea (AAMDJB), que lançou, em 2022, um projeto para captação de recursos via Lei de Incentivo à Cultura (LIC) do Estado.
A cerca de dois meses da data assinalada para reinauguração, a gestora cultural do projeto de restauro da capela, Cristina Schneider, aponta que está sendo finalizada a recuperação da edificação e a reconstituição de pinturas originais que haviam sido cobertas por camada de tinta plástica.
Está no cronograma, ainda, trabalhos no paisagismo externo e a manutenção do painel Ressurreição de Cristo, do artista Aldo Locatteli — aos fundos do altar — e da cenografia da cripta.
— Nossa previsão é de inauguração no dia 11 de abril, antes da Semana Santa, justamente para que a população de Caxias possa usufruir deste espaço tão importante para a memória coletiva, para a cultura e para a religiosidade — destaca a gestora cultural.
No início das obras, a previsão inicial era de que intervenções arquitetônicas fossem entregues em maio de 2025.
Entre as novidades, Cristina Schneider adianta que os fiéis terão à disposição um novo espaço de contemplação e oração, nos fundos da Santo Sepulcro. O local contará com bancos, iluminação especial, a presença de imagem da Nossa Senhora das Dores e vegetação.
Com o intuito de fortalecer a importância da preservação de locais históricos, será lançada em fevereiro uma oficina de educação patrimonial na Capela do Santo Sepulcro. A iniciativa, que será aberta para cinco grupos da comunidade escolar e público em geral, vai trabalhar aspectos e detalhes de pinturas restauradas, com as de Locatteli. As informações sobre inscrições ainda serão divulgadas.
Na próxima terça-feira (4), a diretoria e membros da Associação dos Amigos do Museu Dom José Barea farão uma visita — que ocorre mensalmente — à capela para verificar o que foi executado e definir as etapas finais. A cerimônia de reabertura, em abril, promete ser especial, segundo Cristina Schneider:
— Temos a confirmação da presença da secretária estadual da Cultura, Beatriz Araújo, das empresas patrocinadoras (via LIC), da equipe técnica, da prefeitura de Caxias. Ainda estamos fechando o horário, mas provavelmente vai acontecer no início da noite, para que possamos apresentar à comunidade a nova parte de iluminação.
Manutenção que resgata a história
O templo, declarado Patrimônio Histórico Municipal, foi fechado em março de 2020 devido ao afundamento de parte do piso na frente ao altar. De acordo com o site da paróquia Nossa Senhora de Lourdes, a Capela do Santo Sepulcro foi inaugurada em 31 de janeiro de 1937, com a presença do bispo Dom José Barea: “uma construção em pedra e tijolos, com pilares marcados em relevo e aberturas em forma de ogivas que a caracterizam como representante do estilo neogótico”, com uma torre que serve de campanário. O templo foi idealizado pelo imigrante italiano Benvenuto Conte.
Quase 90 anos depois, a gestora cultural do projeto de restauro relata que, conforme as equipes de restauro avançavam nas análises da edificação, foram identificados outros problemas, além daquele do piso, causados por infiltração de água.
— Tinha problemas de infiltração de água na cripta. Então, tivemos que fazer um trabalho bem forte de drenagem, de consolidação para evitar a entrada de água. Um anexo, que foi construído ao longo do tempo foi todo demolido. (Agora) foram construídas salas novas, que são a parte de banheiros para portadores de necessidades especiais, sala de reuniões, sala de depósito. A comunidade não tinha esses espaços — descreve.
Ao longo do tempo, a cobertura de telhas francesas acabou substituída por uma de zinco, registra o portal da paróquia de Lourdes. A gestora cultural revela que, durante as obras, foi possível recuperar os componentes originais dessa parte e, também, dos ladrilhos hidráulicos da cripta:
— Quando retiramos essa telha metálica para revisão, identificamos, por baixo, que tinha remanescentes do antigo telhado de barro de telha francesa. E aí nós mudamos todo o projeto, não colocamos mais a telha de zinco, mas recuperamos o madeiramento, fizemos um subtelhado e colocamos novamente as telhas de barro originais da capela. Foi uma grata surpresa ao longo do caminho.
A memória da comunidade foi essencial para o resgate de pinturas situadas nas paredes da capela. Cristina Schneider conta que as equipes de trabalho realizaram prospecções nas paredes, mas sem sucesso na localização das obras em razão de uma camada de tinta plástica. A sorte mudou, segundo ela, quando uma poeira subiu, enquanto o piso era revitalizado, fazendo com que 'ressurgissem' as pinturas.
— Quando nós estávamos na obra do piso, a poeira que levantou grudou na parede e causou uma espécie de reflexo que nós conseguimos identificar onde estavam as antigas pinturas das paredes. Em cima disso, fizemos mais uma mobilização na comunidade, que tinha fotos antigas onde essas pinturas apareciam. Então, o que vocês vão ver agora nas paredes, onde estão os vitrais, são as pinturas originais que estavam cobertas por tinta plástica — anuncia.
A entrega da revitalização da capela coincide com os 150 anos da Imigração Italiana no Rio Grande do Sul.