Após vistorias realizadas na última semana, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) demonstrou interesse em operar os aeroportos de Canela, Torres e Vacaria. A outorga no terminal da Região das Hortênsias e no do Litoral Norte é do governo do Rio Grande do Sul. Já no caso do município dos Campos de Cima da Serra, é da prefeitura. A ideia é que esses espaços sejam uma alternativa para o fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre.
De acordo com o diretor do Departamento Aeroportuário (DAP) da Secretaria Estadual de Logística e Transporte (Selt), Marcelo de Canossa Macedo, a outorga é concedida pelo Ministério de Portos e Aeroportos, por meio da Secretaria de Aviação Civil (SAC). Assim, é preciso que tanto o governo do Estado, como a Infraero e o governo federal estejam de acordo com a proposta, para que sejam feitas as trocas nas administrações.
— A Infraero apenas manifestou a disposição de receber a outorga, assim como qualquer outro ente público poderia. Não é um processo demorado, mas depende de negociação entre as partes. Não existe um prazo para isso ser executado, pode se dar maior ou menor celeridade ao processo — descreve Canossa.
O diretor do DAP diz que nesse momento não pode dar mais detalhes sobre o interesse da empresa. A reportagem do Pioneiro entrou em contato com a Infraero. No entanto, a empresa disse que a demanda deve ser consultada com o Ministério de Portos e Aeroportos, que não retornou aos contatos até a publicação desta matéria.
Estruturas em Canela e Torres
Até o fechamento do Salgado Filho, em Porto Alegre, o aeroporto de Canela contava com três voos semanais em direção à Capital. A operação era feita pela Azul Conecta, subsidiária da Azul Linhas Aéreas, que utilizava uma pequena aeronave, com capacidade para nove passageiros.
Conforme consta no site da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o aeroporto de Canela conta com uma pista de asfalto de 1.260 metros de comprimento por 18 metros de largura. Além disso, as operações são feitas de forma visual diurna e noturna. De acordo com a Secretaria Estadual de Logística e Transportes, o local conta também com um pequeno terminal que atende a capacidade máxima da aeronave que era utilizada pela Azul Conecta.
Em Torres, o aeroporto conta com um terminal que comporta cerca de 70 pessoas. A pista, que também é de asfalto, tem 1.507 metros de comprimento por 30 metros de largura. E as operações ocorrem de forma visual diurna e noturna. De acordo com o diretor do Departamento Aeroportuário (DAP) da Selt, Marcelo de Canossa Macedo, o aeroporto foi projetado para receber aeronaves do tipo 737-500. Entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, o aeroporto de Torres recebeu operações da Azul Conecta com o mesmo modelo de avião que operava em Canela. O voo era para Porto Alegre.
— Os dois aeroportos (de Canela e Torres) estão operacionais, só que uma operação comercial é escalonada, dependendo do nível, as demandas e os requisitos a serem atendidos vão crescendo. Qualquer um dos dois poderia receber essa operação da Azul Conecta, dependendo do interesse da empresa aérea — explica Macedo.
Prefeitura de Vacaria aceita repassar à Infraero
A prefeitura de Vacaria, que administra o aeroporto Enore Angelo Mezari desde 2021, encaminhou na semana passada um ofício à Secretaria de Aviação Civil (SAC), demonstrando o interesse de que a outorga seja efetivada à Infraero.
A pista do aeroporto é asfaltada e tem 2.020 metros de comprimento por 30 metros de largura. As operações ocorrem de forma visual diurna. Conforme a diretora executiva da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Vacaria, Marluce Bueno, já foram instalados equipamentos para operações noturnas que, segundo ela, estão em fase de homologação na Anac. O terminal de passageiros do aeroporto tem cerca de 166 metros quadrados e o saguão de espera comporta em torno de 70 pessoas.
Entre as contrapartidas para que o aeroporto seja repassado à Infraero, a prefeitura pede que sejam realizadas obras de infraestrutura e melhorias para atender a realização de voos comerciais de passageiros e cargas. Além disso, quer que ocorra a ampliação de oferta de voos, com novos destinos e horários diversificados.
— Ela (solicitação de transferência da outorga) tem como objetivo colocar o aeroporto em operação. Primeiramente como uma alternativa ao Salgado Filho, que enfrenta interrupção de suas operações, e posteriormente com o objetivo de manter voos comerciais e de cargas, tendo em vista os fatores vocacionais e climáticos que favorecem que Vacaria se torne um grande polo logístico do Estado — explica Marluce Bueno.
O Aeroporto Enore Angelo Mezari recebeu entre agosto de 2021 e dezembro de 2022 voos para Porto Alegre operados pela Azul Conecta. Atualmente, segundo Marluce, ocorrem somente voos particulares, de empresas que possuem os hangares no aeroporto e voos de aeronaves da região.
Caxias não tem interesse
De acordo com o secretário municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMTTM), Alfonso Willenbring Júnior, não ocorreram reuniões recentes no sentido de repassar o Aeroporto Hugo Cantergiani à Infraero, e a prefeitura não o interesse de efetivar isso. A assinatura da outorga, que antes era do governo do Estado, ao executivo municipal ocorreu no ano passado.
Desde o fechamento do Salgado Filho, o Hugo Cantergiani se tornou uma referência no Estado e tem suprido parte da demanda deixada. Antes de maio, o terminal de Caxias contava com uma média de quatro voos diários, que subiram para seis. Segundo Willenbring, há a perspectiva para que esse número aumente, o que já estava previsto mesmo antes do fechamento do aeroporto de Porto Alegre.
— A movimentação está grande, sim, e existe a possibilidade de aumentar, mas a gente está trabalhando bem dentro de todas as limitações que temos, e não é nada de inesperado para nós, já esperávamos buscar essa ampliação da capacidade — pontua o secretário.
Na semana passada, o governo do Estado confirmou que irá destinar cerca de R$ 14 milhões para o recapeamento da pista e melhorias no terminal de passageiros do Hugo Cantergiani.