A falta de energia elétrica que resultou no desabastecimento de água em Caxias do Sul, no final de semana, preocupou a comunidade e levantou questionamentos, como, por exemplo, a ausência de outras fontes para fornecer luz ao sistema de bombeamento. De acordo com o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), os cinco sistemas de abastecimento da cidade — Dal Bó, Faxinal, Maestra, Marrecas e Samuara — não contam com geradores próprios, e sim com motores que executam esse serviço.
Para o diretor-presidente em exercício da autarquia, Angelo Barcarolo, até o momento não havia necessidade de adquirir geradores. Conforme ele, todos os sistemas possuem mais de um motor, mas que acabaram sendo comprometidos com o último temporal, resultando no desabastecimento. A interrupção da energia elétrica do final do semana ocorreu devido à chuva, aos fortes ventos, a alagamentos e a quedas de postes.
— Por exemplo, quando dá um problema em uma delas (fonte de energia), você tem a outra. O Faxinal tem três fontes, ou seja, tem uma segurança, a não ser quando dá um problema dessa envergadura, que nos últimos 30 anos não deu — explicou Barcarolo sobre o fornecimento da energia elétrica nas represas.
De acordo com Barcarolo, o custo para adquirir geradores é elevado, não somente com a compra, mas também com a manutenção e o pouco uso que teria. Mesmo assim, isso não impede que no futuro o Samae possa repensar o assunto e adquirir geradores.
O único sistema que não sofreu com problemas foi o Samuara, que atende parte dos bairros Forqueta e Desvio Rizzo. Já uma das situações mais complexas foi no Maestra, em que houve deslizamento de terra, comprometendo a rede elétrica. Assim, caso a RGE não apresentasse garantias de um restabelecimento ainda no sábado, a autarquia poderia buscar fontes alternativas para minimizar os impactos à comunidade caxiense.
— Se a concessionária chegasse no sábado à tarde e dissesse: “não temos previsão", bom, aí nós partiríamos para o "plano B", nós certamente iríamos contratar geradores na emergencialidade — garante Barcarolo.
Conforme o Samae, entre sexta e sábado choveu 149 milímetros (mm) em Caxias do Sul. No acumulado de novembro, entre o dia 1º e 18, o acumulado é 355 mm no município. A média histórica para o mês é de 124,1 mm. Barcarolo definiu que tanto o temporal como os impactos dele tratam-se de "uma situação atípica climática, que não atingiu somente Caxias, como toda a região da Serra".
Atuação em casos emergenciais
O Samae possui um plano de contingência próprio para situações em que o abastecimento de água é interrompido por algum fenômeno climático, como os do último final de semana. Nesses casos, os servidores são acionados emergencialmente para que possam iniciar na resolução do problema. Ao mesmo tempo, há o serviço de comunicar a população sobre a situação, a fim de evitar desperdícios de água, por exemplo. Soma-se a isso os contatos diretos com a fornecedora de energia elétrica na busca pela solução.
Uma alternativa, mas que não foi possível colocar em ação pelo comprometimento total dos sistemas, é a retroalimentação das três principais represas da cidade: Faxinal, Marrecas e Maestra, que compreendem a mais de 90% do fornecimento de água à comunidade caxiense. Isso acontece pelo fato delas se interligarem, gerando a possibilidade de fazer manobras para evitar o desabastecimento total.
— Faltou energia, a gente já desloca água desses sistemas (Marrecas e Maestra) para abastecimento de parte do sistema Faxinal (por exemplo). São manobras, nós temos interligações dos sistemas, onde (se) um entra em colapso, ele para de atuar, nós alimentamos o sistema por outro — explicou Barcarolo.
Mesmo assim, conforme o diretor-presidente em exercício, as questões climáticas que estão sendo enfrentadas em todo o Rio Grande do Sul nesse ano estão motivando reuniões no Samae. Ele afirmou que a autarquia planeja atualizar o plano de contingência para dar mais segurança à comunidade e evitar possíveis novos desabastecimentos totais.
— Considerando que cada vez mais estamos tendo incidência de temporais, as questões de enchentes (em outras regiões), a questão climática mudou, então nós precisamos nos moldar, e não descartamos ter um plano B em caso de interrupção total dos nossos sistemas — finalizou.