Causado pelo entupimento ou rompimento de veias do cérebro, o acidente vascular cerebral faz quase 100 mil vítimas por ano no país, de acordo com dado da Sociedade Brasileira de AVC. Fatores de risco como pressão alta, diabetes e tabagismo estão entre as principais causas da doença que tem alto impacto econômico por deixar sequelas e incapacitar parte da população.
Referência no atendimento de emergência em Caxias do Sul e região, o Pompéia recebe em média 30 pacientes com o quadro da doença por mês. Com esse cenário e em alusão ao Dia Mundial do AVC, lembrado neste domingo (29), a instituição realiza nesta sexta-feira (27) uma rodada de palestras para estudantes e equipe técnica como forma de conscientização, conhecimento de medidas preventivas, identificação precoce e tratamento.
Entre os palestrantes está o neurocirurgião João Domício de Medeiros. Ele realiza pelo Sistema Único de Saúde (SUS) os procedimentos de trombólise, o principal tratamento para o AVC, processo que deve ser feito em até quatro horas e meia a partir do início dos sintomas.
— O grande problema é que quanto mais tempo tu levas pra tratar, com mais sequelas o paciente pode ficar. Quem é admitido no hospital com uma hora de evolução, por exemplo, o nível de sequela pode ser muito menor em comparação com aquele que foi atendido depois de sete horas. A conscientização está em saber que não se pode perder tempo — explica.
Outro tratamento para o AVC, mais evasivo e realizado apenas por convênio, é a trombectomia, processo que retira o coágulo cerebral com o auxílio de um cateter. O procedimento é realizado em até 24 horas após o início dos sintomas, o que inclui perda da força, dificuldade de fala e desvio da musculatura da boca.
— O tratamento é voltado para que se reverta ao mais perto do que estava antes do acidente. O AVC é sobre um paciente que está no normal dele e de um segundo para o outro tem um déficit neurológico — diz Medeiros.
Procurar atendimento é fundamental
Antônio Fiorenti, 80 anos, curtia a aposentadoria em Arroio do Sal, no último final de semana, quando apresentou os primeiros sintomas de AVC. Ele teve o olhar atento da esposa, Silvana Molardi:
— Não tinha passado por situação semelhante, se não teria socorrido antes. Começou quando teve dificuldades pra assinar o nome e depois disso passou a agir de forma diferente. Quando terminou de almoçar, sentou e ficou com o olho parado sem responder, e se quer recusou que eu chamasse a ambulância — conta Silvana.
Avaliado pelo Samu, Fiorenti foi liberado, mas a precaução da esposa fez com que os filhos fossem acionados para buscar o pai no litoral. O atendimento hospitalar se deu no início da madrugada de sábado (21) e devido ao tempo excedido para trombólise, um tratamento clínico foi realizado com o uso de anticoagulantes.
A alta ocorreu três dias após a internação e sem sequelas. A enfermeira Sônia Barcelos confirma que o episódio se trata de um AVC leve e que a procura por atendimento, ainda que cerca de 10 horas após os primeiros sintomas, foi fundamental para a recuperação do paciente.
— Tudo vai depender do que ocasionou o AVC, se for uma arritimia por exemplo, o fluxo de sangue no cérebro diminui até que ele se interrompa por completo, e antes que isso aconteça é preciso procurar ajuda médica — salientou Sônia.
Como identificar um quadro de AVC
:: Dificuldade na fala
:: Paralisia da boca
:: Perda de força nos braços e pernas
:: Confusão mental